16 de mar. de 2014

O AVIVAMENTO CONTÍNUO DA IGREJA

O AVIVAMENTO CONTÍNUO DA IGREJA
Leitura Bíblica: Ap 3:14-22
Subsidio Teológico 
INTRODUÇÃO
Um dos pontos essenciais do pentecostalismo é a crença de que o avivamento da Igreja é contínuo, ou seja, que Deus não cessa de intervir no meio de Seu povo para impedir que a vida espiritual deixe de ser abundante.
O avivamento é uma realidade bíblica, um fator que sempre acompanhou o povo de Deus, seja Israel, na antiga aliança, seja a Igreja, nesta dispensação. Portanto, um verdadeiro avivamento há de ter os contornos estabelecidos pela Bíblia Sagrada, nossa única regra de fé e de prática. Por isso, não se pode concordar com aqueles que identificam o “pentecostalismo” como uma doutrina puramente mística, que privilegia a subjetividade, ou seja, a emoção de cada pessoa, que defenda um “contacto direto e místico” com Deus. A doutrina pentecostal é, sobretudo, bíblica, ou seja, está fundada nas Escrituras e se baseia totalmente nelas. É por isso, aliás, que o tema do nosso trimestre é “doutrinas bíblicas pentecostais”, ou seja, são doutrinas bíblicas que são evidenciadas e defendidas pelos pentecostais.
A doutrina pentecostal é, portanto, caracterizada não só pela crença de que o batismo com o Espírito Santo e os dons espirituais, além dos demais sinais confirmadores da Palavra, são uma realidade para os nossos dias, mas uma experiência prática destas manifestações na vida de cada crente e de cada igreja local, devendo assim continuar até que o Senhor nos venha buscar.
A essência do pentecostalismo consiste não só em crer que Deus continua a atuar como nos tempos apostólicos, como também ter a mesma espiritualidade daquela época.
CONSIDERAÇÕES GERAIS
1. O que é Avivamento? - Avivamento é o ato de “tornar ou tornar-se mais vivo, reanimar ou reanimar-se, despertar, tornar-se mais forte, mais intenso, aumentar, intensificar-se, tornar-se mais nítido, destacar-se, tornar-se mais ativo, tornar mais ágil, apressar” (Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa). Como se pode, pois, observar, quando se fala em avivamento se está a falar de um estágio posterior ao de viver. Só pode ser avivado quem já está vivo e é por isto que este termo foi utilizado pelos pentecostais para se referir ao estágio espiritual posterior à conversão, para o apossamento das bênçãos espirituais nos lugares celestiais em Cristo (Ef.1:3).
Em primeiro lugar, avivamento é o ato de transformar a vida espiritual em uma vida mais intensa, em uma vida abundante. Isto nos faz lembrar as palavras de Jesus que disse que tinha vindo ao mundo para que seus discípulos tivessem vida e vida em abundância (Jo.10:10). Vida abundante é uma vida em toda a sua plenitude, com todos os benefícios proporcionados pela comunhão com Deus. Vida é estar em comunhão com Deus, é não ter mais separação de Deus por causa do pecado, mas vida abundante é a comunhão com a presença de todas as bênçãos espirituais nos lugares celestiais em Cristo.
Em segundo lugar, avivamento é o ato de reanimar, de despertar. O avivamento, também, assume as características de uma renovação espiritual, de um desabrochar dos sinais da presença de Deus que se estavam perdendo. Foi assim na história de Israel e tem sido na história da Igreja. Foi por isso que o profeta Habacuque pediu ao Senhor que avivasse a Sua obra ao longo do tempo, no decorrer dos anos - “Aviva, ó Senhor, a Tua obra no mmeio dos anos, no meio dos anos a notifica; na ira, lembra-Te da misericórdia”(Hc 3:2). “Aviva”, aqui, é tradução da palavra hebraica  “chayah”, cujo significado é “viver, fazer viver, manter vivo, viver prosperamente, viver para sempre, sustentar a vida, ser rápido, ser restaurado para a vida ou para a saúde”. Por isso um dos significados de “chayah” é “fazer viver, manter vivo, viver para sempre”.
Em terceiro lugar, avivamento é o ato de tornar-se mais forte, mais intenso, intensificar-se. A vida espiritual é dinâmica, ou seja, é um contínuo movimento. Enquanto na vida física, a partir da juventude, nós passamos a iniciar um desgaste cada vez mais intenso, pois o homem exterior, isto é, o nosso corpo, é corruptível, o homem interior, pelo contrário, como não sofre os efeitos do tempo, passa a ter cada vez maior intensidade, a ter um progresso a cada segundo que passa, caminhando para atingir o nível de varão perfeito, a estatura completa de Cristo (II Co.4:16; Ef.4:13). O avivamento, portanto, é a manutenção da vida espiritual alcançada e a obtenção de maior vigor no decorrer do tempo, pois o homem interior é corroborado com poder pelo Espírito Santo (Ef.3:16). Por isso, um dos significados de “chayah” é “sustentar a vida”.
Em quarto lugar, avivamento é o ato de tornar-se mais nítido, destacar-se. Uma igreja avivada é uma igreja que discerne bem quais são os verdadeiros e autênticos crentes e quais são os falsos apóstolos, a exemplo do que se deu na igreja de Éfeso que, em seu tempo avivado, pôde desmascarar os falsos apóstolos (Ap.2:2). Um crente avivado é aquele que demonstra a presença de Deus na sua vida, bem como o poder do Espírito Santo. Por isso, os sinais e maravilhas são abundantes, como se vê nos tempos apostólicos (At.2:43; 4:30; 5:12,15; 19:4; I Co.2:4). Por isso, um dos significados de “chayah” é “restaurar para a vida e para a saúde”.
Em quinto lugar, avivamento é o ato de tornar-se mais ativo, mais ágil, apressar. O avivamento tem, como efeito, fazer com que a haja mais ação na obra do Senhor, que haja um movimento e é por isso que o avivamento é, antes de mais nada, um movimento do Espírito Santo. Assim como no dia de Pentecoste, um som como de um vento veemente encheu o cenáculo e causou um reboliço que chamou a atenção de uma multidão de peregrinos, do mesmo modo o avivamento na igreja local causa uma movimentação que faz com que haja uma repercussão no meio da igreja e dos incrédulos. Porventura, não foi o que ocorreu no avivamento da rua Azusa, cujos resultados se espalharam, rapidamente, pelos quatro cantos do mundo, inclusive aqui no Brasil?
O avivamento dá-nos a consciência da urgência da tarefa da Igreja e não é casual que o arrebatamento da Igreja seja antecedido por um avivamento, a “chuva serôdia” que vinha um pouco antes da colheita, celebrada na Festa dos Tabernáculos. Nossa dispensação terminará com a evangelização de todas as gentes (Mt.24:14) e isto só é possível diante de um avivamento, pois só ele faz com que haja pressa e urgência na obra do Senhor. Por isso um dos significados de “chayah” é, precisamente, o de “ser rápido”.
2. Características do Avivamento Autêntico - A doutrina pentecostal não é uma “inovação”, nem uma “novidade”, mas é algo que está presente na Igreja desde o seu primeiro dia de manifestação ao mundo, ou seja, o dia de Pentecostes, pois é algo que está na Palavra de Deus e, todos sabemos, que esta Palavra não muda, nem jamais mudará (Sl.33:11; Mt.24:35; Lc.21:33; I Pe.1:23,25).
Se o avivamento contínuo é bíblico, devemos observar nas próprias Escrituras quais são as suas características, até para que não nos deixemos enganar pelos “falsos avivamentos”, manifestações espirituais espúrias e que nada mais são que falsificações e imitações do inimigo de nossas almas, verdadeiros “ventos de doutrinas” que, como analisamos no trimestre anterior, também estão a aumentar em número, mormente agora quando se aproxima o dia da nossa glorificação.
Uma igreja avivada, pois, tem de ter os mesmos predicados que se encontraram na igreja de Jerusalém logo após o dia de Pentecostes e que vemos minudentemente descrita em At.2:41-47.
a)A primeira característica é a perseverança na Palavra de Deus. A igreja primitiva iniciou-se pela conversão de quase três mil almas sob o impacto da operação poderosa do Espírito Santo na vida dos discípulos batizados com o Espírito Santo, levando-os a “receber de bom grado a Palavra” (At.2:41). Este é o primeiro ponto descrito nas Escrituras, pois todo avivamento começa pelo “recebimento da Palavra”, que, então, leva ao batismo nas águas, um sinal público que se dá da transformação interior já ocorrida.
Desde o Antigo Testamento, sempre vemos que os momentos de avivamento do povo de Deus são caracterizados por uma busca da lei do Senhor, por uma renovação no interesse e na observância das Escrituras. Todo e qualquer movimento que menosprezar a Palavra de Deus, que não der espaço ao estudo e ao ensino da Palavra, não é um verdadeiro avivamento espiritual, mas um movimento místico, que se misturará facilmente com manifestações sobrenaturais de procedência maligna.
Muitos insistem em pregar que o início da vida espiritual se dá com o batismo e dizem que isto se deu no dia de Pentecostes. O texto sagrado diz que foram batizados aqueles que, de bom grado, receberam a Palavra, ou seja, o recebimento da Palavra é o primeiro ponto, a primeira mostra de um avivamento, não o batismo, que é conseqüência, e somente para os que eram incrédulos. Os crentes que haviam sido revestidos de poder também receberam a Palavra e a pregaram com unção e discernimento espiritual do que estava a ocorrer, sem que precisassem ter sido batizados nas águas.
Todo avivamento é um mover do Espírito Santo e a função primordial do Espírito Santo é glorificar a Cristo, anunciando a Sua verdade (Jo.16:13-15). Ora, a Verdade de Cristo é a Palavra de Deus (Jo.17:17), Palavra esta que testifica de Jesus (Jo.5:39). Portanto, todo e qualquer avivamento resulta em um retorno às Escrituras, à Palavra do Senhor.
Uma igreja avivada, ao contrário do que muita gente pensa e faz na atualidade, não é uma igreja que não estude a Palavra de Deus, nem uma igreja que, por achar que “a letra mata”, não freqüenta ou nem tem cultos de ensino e de doutrina, procurando apenas “reuniões de poder”. O verdadeiro avivamento faz com que o crente seja guiado pelo Espírito Santo e esta direção exige, em primeiro lugar, a perseverança na doutrina dos apóstolos. Crente avivado é crente que conhece a doutrina dos apóstolos e que, por isso, não se deixa levar por qualquer “vento de doutrina”.
Não há como se concordar com um “avivamento” que deixa de lado as Escrituras e se apegam a invencionices humanas.
b)A segunda Característica é a perseverança na comunhão (At.2:42). O avivamento espiritual é um movimento que dá aos crentes a consciência de que são um único corpo cuja cabeça é Cristo e que devem viver em união, sem qualquer distinção ou discriminação de espécie alguma. O avivamento da rua Azusa causou espanto e críticas por parte da sociedade norte-americana porque pôde reunir, em uma só comunidade, brancos e negros, numa sociedade fortemente racista e segregacionista como eram os Estados Unidos do início do século XX. Um verdadeiro e genuíno avivamento não faz distinção de espécie alguma, reconhecendo que, para Deus, não há acepção de pessoas (Dt.10:17; At.10:34). Por isso, na igreja primitiva, “todos os que criam estavam juntos e tinham tudo em comum” (At.2:44). Desta feita, não se pode aceitar como avivamento genuíno e autêntico aquele que é gerado em “encontros secretos”, aonde somente algumas poucas pessoas têm acesso, para receber uma “unção” sobre a qual estão proibidos de revelar, como ocorre no gedozismo. Isto não é o avivamento verdadeiro.
A perseverança na comunhão, também, tem uma dimensão vertical, ou seja, o avivamento leva os crentes a terem uma consciência da necessidade de se santificar para permanecerem em comunhão com o Senhor. Todo avivamento genuíno leva o povo a melhorar os seus caminhos diante de Deus, aumentando a qualidade de seu comportamento, a fim de diminuir as brechas pelas quais pode advir a prática do pecado. Um verdadeiro e genuíno avivamento não abre mão de uma postura ética diferente, não admite a convivência com o pecado.
c)A terceira característica é a perseverança no partir do pão (At.2:42). O partir do pão abrange mais do que a participação na ceia do Senhor, também envolve a consciência da necessidade do próximo, do amor ao próximo. Se é certo que o avivamento espiritual nos revela que os crentes estão em paz com Deus, alimentando-se da Sua Palavra, não é menos certo que nem só da Palavra viverá o homem, mas também do pão material, tanto que vemos, sempre, nas igrejas avivadas, um trabalho de assistência social e de benemerência bem avançados (At.2:44,45; 4:35; II Co.11:9; Ef.4:28) e não somente por intermédio da igreja local, com os diáconos, mas num relacionamento fraternal, doméstico, independente da própria intermediação da igreja (At.2:46).
d)A quarta característica é a perseverança nas orações. Uma igreja avivada não pára de orar, faz contínua oração. Não podemos concordar com “avivamentos” que têm barulho, emoção, mas que não levam os crentes a orar ou a buscar a face do Senhor fora do “transe”. A história dos avivamentos mostra que sempre o povo foi levado a buscar ao Senhor, a orar, a jejuar e a adorá-lO na beleza da Sua santidade.
e)A quinta característica é o temor a Deus (At.2:43). Um verdadeiro avivamento não produz bagunça ou anarquia. É um ambiente de ordem e de decência, onde o nome do Senhor é glorificado e onde os incrédulos, ao invés de se escandalizarem, sentem a presença do Senhor.Um avivamento traz ao povo uma devida reverência às coisas de Deus, um respeito a tudo o que se relaciona com o culto.
f)A sexta característica é a ocorrência de sinais e maravilhas (At.2:43). Uma igreja avivada é uma igreja onde há milagres e sinais, mas, percebam os irmãos, este é um dos últimos pontos mencionados por Lucas na descrição da igreja primitiva. Estes sinais e maravilhas eram resultado de todas as outras características, um elemento confirmador de tudo o mais. Não podemos, pois, julgar pela aparência, apenas procurando os sinais, mas devemos julgar os movimentos segundo a reta justiça, ou seja, conferindo tudo com a Palavra de Deus, para só, então, nos atermos aos sinais. Somente assim não seremos iludidos pelo adversário de nossas almas (Jo.7:24; II Co.10:7).
Nos dias em que vivemos, muitos se dizem pentecostais, mas há anos não vêem em suas reuniões a ocorrência de sinais e de maravilhas. Não podemos viver da memória, nem tampouco da história dos nossos pais na fé. É preciso que o poder de Deus seja evidenciada no nosso meio, em nossas reuniões. Se não há mais sinais e maravilhas, algo está errado. Precisamos pedir a Deus um avivamento, avivamento que não é apenas a busca de “milagreiros” ou a promoção de “campanhas” para que haja “revelações”, “profecias”, “curas”, mas, muito mais do que isto é necessário que a própria igreja local verifique onde caiu, para se arrepender e, assim, praticar as primeiras obras, tornando a ter o “primeiro amor”, assim como Jesus mandou que a igreja de Éfeso fizesse, ela própria uma igreja avivada que perdera o fervor (Ap.2:5).
g)A sétima característica é a perseverança na freqüência aos cultos e às demais reuniões da igreja. Os crentes da igreja primitiva “perseveravam unânimes todos os dias no templo”. Os crentes sentiam prazer em cultuar a Deus e, por isso, iam ao Templo, onde haviam sido ensinados, por sua cultura, a adorar ao Senhor. Os avivamentos sempre mostram, nos seus registros, multidões reunidas para adorar a Deus e ouvir a Sua Palavra, nas mais adversas circunstâncias de tempo ou de lugar. Nada supera o desejo que tem o crente avivado em se reunir e adorar ao Senhor e ouvi-lO falar, pois ele está “…certo de que, nem a morte, nem a vida, nem os anjos, nem os principados, nem as potestades, nem o presente, nem o porvir, nem a altura, nem a profundidade, nem alguma outra criatura nos poderá separar do amor de Deus, que está em Cristo Jesus nosso Senhor.” (Rm.8:38,39).
h)A oitava característica é a alegria e singeleza de coração. Uma igreja avivada é uma igreja que não se prende a formalismos, a cerimônias, rituais e solenidades excessivas, mas uma igreja onde não se desvia da simplicidade que há em Cristo Jesus (II Co.11:3). O avivamento faz-nos ser simples e sinceros diante de Deus e dos homens (II Co.1:12; Cl.3:22). A alegria que caracteriza o avivamento espiritual nasce espontaneamente no coração do crente avivado, porque é fruto do Espírito Santo, é o gozo pela sua salvação (Sl.51:12). Como é diferente a alegria de uma igreja avivada das aberrações como a “risada santa” que tem sido difundida pelos falsos pregadores na atualidade!
i)A nona Característica é o louvor a Deus(At.2:47). Um avivamento exalta o nome de Deus, coloca-O acima de tudo o mais. Quando falamos em louvor, falamos em exaltação de Deus, em cânticos, hinos e salmos que enalteçam o Senhor e não o homem, que trazem enlevo à alma e ao espírito, e, por conseguinte, não agridem o corpo, nem promovam qualquer sentimento carnal. “Avivamentos” feitos com base em “louvorzões”, que suprimem a Palavra do Senhor, que promovam a sensualidade e a emoção, que agitem as pessoas e que se utilizem de ritmos criados para adoração ao diabo ou a seus agentes, que privilegiem o “eu” do crente em detrimento do Senhor nunca podem ser verdadeiros e autênticos avivamentos.
j)A décima característica é o crescimento da igreja, ou seja, a salvação de almas, levando os incrédulos a receber a Palavra de Deus, fechando-se, então, o círculo virtuoso estabelecido pelo avivamento. O avivamento do povo de Deus faz com que os homens glorifiquem ao Pai que está nos céus (Mt.5:16) e, por causa disto, muito são constrangidos pelo Espírito Santo e convencidos do pecado, da justiça e do juízo(Jo.16:8), convertendo-se a Jesus Cristo. Por isso, os avivamentos sempre fizeram as igrejas locais crescer numericamente, mas o crescimento quantitativo é decorrência do crescimento qualitativo. Crescimento numérico sem que, antes, tenha havido avivamento, não é crescimento, é “inchamento”, cujos efeitos são altamente prejudiciais à obra de Deus, como aconteceu com a Igreja a partir do Edito de Milão, em 315, que deu origem a Igreja católica romana, que abriu as portas ao paganismo e, conseqüentemente, ao desvio espiritual.
3. Na história da Igreja sempre houve um remanescente fiel - O ilustre comentarista deste trimestre resolveu falar do avivamento a partir da igreja de Laodicéia, uma igreja que representa o oposto de uma igreja avivada, a fim de mostrar a importância do avivamento para a igreja nos nossos dias, mas o avivamento contínuo sempre foi uma constante na história do povo de Deus, não só de Israel, como também da Igreja.
Em todos os períodos identificados pelo Senhor temos sempre a presença de um remanescente fiel ao Senhor, bem como a ação contínua do Espírito Santo a avivar estes servos fiéis. Assim:
a) igreja de Éfeso (correspondente ao período apostólico, até por volta do ano 100) – uma igreja que nasce avivada, mas vai perdendo o “primeiro amor”.
b) igreja de Esmirna (correspondente ao período pós-apostólico, mas de perseguições por parte de Roma, por volta do ano 100 até por volta de 315) – uma igreja que, apesar da presença dos integrantes da “sinagoga de Satanás”, tem riqueza espiritual e é fiel até a morte.
c) igreja de Pérgamo (correspondente ao período da liberdade de culto por parte de Roma e início da paganização, por volta de 315 até por volta de 600, com a instituição do Papado) – uma igreja que se mantém fiel apesar de habitar onde está o trono de Satanás, ainda que já sofrendo a infiltração da doutrina de Balaão, da idolatria e dos nicolaítas.
d) igreja de Tiatira (correspondente ao período que vai por volta de 600 até a Reforma Protestante) – uma igreja se mantém fiel, apesar da tolerância que há com “Jezabel” , com a idolatria e com as profundezas de Satanás.
e) igreja de Sardes (correspondente ao período que vai da Reforma Protestante até o século XIX) – uma igreja fiel em meio a uma igreja que está espiritualmente morta, alheia à volta de Cristo.
f) igreja de Filadélfia (correspondente ao período que vai do século XIX até o arrebatamento da Igreja) – a igreja fiel é despertada, evangeliza todo o mundo e é poupada da Grande Tribulação.
g) igreja de Laodicéia (correspondente ao período que vai do século XIX até o arrebatamento da Igreja) – a igreja apóstata ou paralela, concomitante a igreja de Filadélfia, mas que, em vez de se despertar, prefere confiar na sua auto-suficiência e na sua história, cujo final será trágico: ser vomitada pelo Senhor, perdendo a chance de ser poupada da Grande Tribulação.
Vemos, portanto, que não houve período da história da Igreja em que não tenha existido um remanescente fiel, remanescente este que, por ter o Espírito Santo nele, vez por outra, como as “chuvas escassas e rápidas” do verão da Palestina, manifestaram-se em avivamentos que passaram a ser cada vez mais intensos a partir do século XVIII, culminando no avivamento do início do século XX, que indica o início da “chuva serôdia”, do derramamento intenso do Espírito Santo antes da volta do Senhor.
Os pentecostais, portanto, têm razão quando ensinam que as Escrituras nos mostram que o avivamento da Igreja é contínuo, jamais foi interrompido desde o dia de Pentecostes do ano 30, embora esteja determinado que se intensifique, como está intensificado nos últimos cem anos, na proximidade da volta do Senhor.
4. Principais Avivamentos da história da Igreja
A história da Igreja apresenta vários avivamentos, a demonstrar que, ao longo dos séculos, o Senhor sempre esteve presente no meio do seu povo e ainda que, depois dos tempos apostólicos, o período da “chuva temporã”, tenha havido o verão, que é caracterizado por uma temperatura alta, com poucas chuvas, normalmente de curta duração, o que, profeticamente, simboliza o período de escassez das manifestações espirituais abundantes na Igreja, foi um período de contínua intervenção divina, em menor expressão que no período da “chuva temporã” e no período subseqüente da “chuva serôdia”, mas, indubitavelmente, um período em que a Igreja ganhou vitalidade e força para dar a grande colheita que se verá no dia do arrebatamento da Igreja, pois é durante o verão que se dá o crescimento da safra, que se faz um grande esforço por parte dos lavradores e a formação do fruto, que amadurece no outono, depois da “chuva serôdia”. A seguir, os principais Avivamentos:
a) Líder: Montana (século II) Movimento: os montanistas – Local e Época: Frigia (atualmente Turquia) – por volta de 170 – Característica: Diziam-se possuídos pelo Espírito Santo e manifestavam os dons espirituais, em especial o de profecia. Lutavam contra a paralisia e o intelectualismo das igrejas organizadas de sua época. Foi dado a extremismos.
b) Líder: Pedro Valdo (?-1217) Movimento: os valdenses – Local e Época: França – a partir de 1173 – Característica: Adotaram a Bíblia como única regra de fé e prática, aceitaram apenas o batismo e a ceia do Senhor. Há registro de que alguns falaram em línguas estranhas. Surgimento da Igreja Valdense, que existe até hoje.
c) Líder: John Wycliff(1329-1384) Movimento: os lolardos – Local e Época: Inglaterra – a partir de 1378– Característica: Criticaram a autoridade papal e adotaram a Bíblia como única regra de fé e prática. Formaram pregadores leigos que passaram a explicar as Escrituras ao povo, Escrituras traduzidas para o inglês. O movimento difundiu-se pela Europa, em especial, na Boêmia, onde foi alcançado Jan Hus.
d) Líder: Jan Huss - Movimento: os taboritas, que deram origem à Igreja Moraviana - Local e Época: Boêmia (atualmente República Tcheca) – a partir de 1403 - Característica: Condenaram o papado e a venda de indulgências, defenderam que a Bíblia é a única regra de fé e prática. Surgimento da Igreja Moraviana, reconhecida por seu ímpeto missionário na Europa (inclusive será um pregador morávio que promoverá a conversão de John Wesley).
e) Líder: Martinho Lutero(1483-1546) - Movimento: os luteranos - Local e Época: Alemanha – a partir de 1517 - Característica: Defenderam a justificação somente pela fé em Cristo, adotaram a Bíblia como única regra de fé e prática. Há notícia de manifestação do dom de línguas, inclusive pelo próprio Lutero.
f)Líder: João Calvino (1509-1564) - Movimento: os calvinistas ou presbiterianos – Local e Época: Suíça – a partir de 1536 - Característica: Defenderam a justificação pela fé em Cristo, adotaram a Bíblia como única regra de fé e prática, bem como a doutrina da predestinação.
g) Líder: Thomas Cartwright(1535-1603) - Movimento: os puritanos - Local e Época: Inglaterra – a partir de 1571 - Característica: Criticaram a organização eclesiástica da Igreja Anglicana, considerando-a fora da igreja primitiva. Sistematizaram a doutrina calvinista na Inglaterra e reforçaram a idéia da Bíblia como única regra de fé e prática, exigindo santidade como característica do cristão (uma igreja “pura”).
h)Líder:Robert Browne(1550-1633) - Movimento: os brownistas, precursores dos congregacionalistas – Local e Época: Inglaterra – a partir de 1580 - Característica: Criticaram o controle da igreja por parte do Estado e defenderam a auto-organização das igrejas locais pelos crentes fiéis, com eliminação de bispos e sacerdotes ordenados.
i) Líder: George Fox (1624-1691) - Movimento: os “quackers” - Local e Época: Inglaterra – a partir de 1644 - Característica: Defenderam a Bíblia como única regra de fé e prática, bem como a simplicidade e o abandono do luxo como exigíveis na vida cristã. Também foram contrários à necessidade de formação intelectual para a separação ao ministério, que é resultado da chamada do Espírito. Defenderam a atualidade dos dons espirituais, da
 cura divina e dos sinais e maravilhas dos tempos apostólicos.
j) Líder: Philip Jakob Spener (1635-1705) e  Nicolau von Zinzeldorf (1700-1760)- Movimento: os pietistas e os morávios, respectivamente - Local e Época: Alemanha – a partir de 1670 - Característica: A Igreja Moraviana, fundada pelos crentes que haviam adotado as idéias de Hus, vive um grande despertamento e inicia um grande ímpeto missionário, após o início de reuniões de oração, que passaram a ser uma “marca registrada” desta denominação por 100 anos. Há notícias de derramamento do Espírito Santo.
k) Líder: John Wesley (1703-1791), Jonathan Edwards (1703-1758) e George Whitefield (1714-1770) - Movimento: os metodistas e “grande avivamento”, respectivamente - Local e Época: Inglaterra – a partir de 1738 - Estados Unidos – a partir de 1734 - Característica: Evangelizado pelos morávios, Wesley passou a defender a necessidade de uma santificação pessoal para servir a Cristo, como também a necessidade de uma vida espiritual abundante, em que a fé fosse posta em prática. Houve manifestação de línguas estranhas, inclusive pelo próprio Wesley.Defenderam a simplicidade da fé cristã, uma vida de santificação e de pureza, como também a existência de um avivamento contínuo na Igreja, de forma equilibrada e centrada na Palavra de Deus, que não se confundia com emocionalismo nem com a resposta humana à graça de Deus.
l) Líder: Charles Grandison   Finney(1792-1875) - Movimento: o “segundo grande avivamento”) - Local e Época: Estados Uniddos – a partir de 1821 - Característica: Converteu-se e foi imediatamente batizado com o Espírito Santo, cuja realidade fez parte de suas pregações.Grande pregador ganhou multidões para Cristo, que permaneciam cerca de 85% fiéis ao Senhor.
m) Líder: Edward Irving (1792-1834) - Movimento: Igreja Católica Apostólica, que teria cura duração após a sua morte - Local e Época: Escócia – a partir de 1822 - Característica: Pregador eloqüente, pregava contra o materialismo vigente e a frieza espiritual. Sentindo a iminência da volta de Cristo, começou a clamar por um derramamento do Espírito Santo e houve manifestação de línguas estranhas e do dom de profecia.
n) Líder: Charles Haddon Spurgeon (1834-1892) - Local e Época: Inglaterra – a partir de 1851 - Característica: Considerado o “príncipe dos pregadores”, eram comuns a ocorrência de sinais e prodígios nas reuniões de sua igreja local.
o) Líder: Dwight Lyman Moody (1837-1899) e Reuben Archer Torrey (1856-1928) - Local e Época: Estados Unidos – a partir de aproximadamente 1860 - Característica: Moody, evangelista sem igual, pregou a respeito da “segunda bênção”, uma bênção necessária ao crente após a conversão. Seu ministério evangelístico foi o maior de todos os Estados Unidos no século XIX. Torrey continuou seu trabalho, sendo um homem de oração que, a partir de 1901, passou a fazer cruzadas onde pedia um reavivamento mundial.
p)Líder: Phoebe Palmer(1807-1874), John Swanell Inskip(1816-1884) e Alfred Cookman(1828-1871) -  Movimento: o “avivamento posterior à Guerra Civil”, de onde surgiu as Igrejas da Santidade - Local e Época: Estados Unidos – a partir de 1867 - Característica: Pregadores metodistas, enfatizaram a existência de uma “segunda bênção”, posterior à conversão, que conferiria maior santificação aos crentes. Início das Igrejas da Santidade, onde congregariam Charles Fox Parham e William Joseph Seymour.
q) Líder: John Alexander Dowie (1848-1907) - Movimento: fundou a Igreja Católica Apostólica, nos Estados Unidos, em 1896 - Local e Época: Austrália – a partir de 1872 - Característica: Sua pregação enfatizava o relacionamento pessoal com Cristo e a cura divina. Despertou a atenção de Charles Fox Parham, que seria o professor de William Joseph Symour, o pioneiro do movimento pentecostal mundial.

Como se pode perceber pelo quadro acima, sempre houve, no meio do povo de Deus, um remanescente fiel, mesmo em meio ao obscurantismo de uma cúpula que, notadamente após a liberalização do culto cristão pelo Império Romano, permitiu a entrada do paganismo na Igreja e promoveu uma frieza espiritual. Este remanescente, de tempos em tempos, era despertado pelo Espírito Santo e movimentos espirituais ocorriam, levando as pessoas a uma vida de maior intensidade na presença de Deus, uma vida de maior dedicação e de pregação da genuína Palavra de Deus. Era o “verão” do Israel de Deus, onde havia pouquíssimas chuvas e quando as havia, de curta duração. No entanto, enquanto isto se dava, havia a preparação para a formação de uma safra substanciosa, que será colhida pelo Senhor antes do “grande e terrível dia” (cf. Jl.2:28-31).

CONCLUSÃO
Cremos, realmente, num avivamento contínuo?Somos realmente pentecostais? Temos as características bíblicas para sermos considerados crentes avivados? Se sim então “Essa obra não pode parar”- “Aviva, Senhor, a Tua obra, no meio dos anos”! A continuidade da chama Pentecostal faz-se necessário haja vista que se aproxima “a grande colheita”, o arrebatamento.
Quão necessário é que todos os que temem a Deus e amam sua Palavra, se humilhem diante dEle e confessem os pecados que têm separado Deus de seu povo! O que deve suscitar o maior alarme, é que não sentimos nem compreendemos nossa condição, nosso baixo estado, e satisfazemo-nos de permanecer como estamos. Devemos refugiar-nos na Palavra de Deus e na oração, buscando individual e fervorosamente ao Senhor, para que O possamos achar. Cumpre-nos fazer disto nossa primeira ocupação.
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Elaboração: Luciano de Paula Lourenço – Prof. EBD/Assembléia de Deus –Ministério Bela Vista/Fortaleza-CE.
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Fonte Pesquisa: Comentário Bíblico do Prof. Dr. Caramuru Afonso Francisco, Prof Antonio Sebastião da Silva; Bíblia de Estudo-Aplicação Pessoal. Revista Ensinador Cristão.


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