16 de mar. de 2014

O DERRAMAMENTO DO ESPÍRITO SANTO PROMETIDO

O DERRAMAMENTO DO ESPÍRITO SANTO PROMETIDO
Leitura Bíblica: Atos 2:14-21
 Subsídio Teológico

INTRODUÇÃO

Nesta primeira lição, estudaremos a promessa do derramamento do Espírito Santo que é a ponto de partida de todas as doutrinas bíblicas pentecostais, objeto do nosso estudo neste trimestre.
A consciência de que o Espírito Santo atua em todo o povo de Deus, indistintamente, e da mesma forma que agiu nos dias apostólicos, foi a principal responsável pela deflagração do movimento pentecostal, que chega a cem anos, sendo a obra realizada neste século a maior evidência da veracidade de que o Espírito Santo foi derramado para o povo do Senhor para evangelizar todo o mundo e mostrar o poder de Deus e, notadamente, o Seu amor para com o ser humano.
CONSIDERAÇÕES PRELIMINARES
A operação do Espírito Santo na atualidade da igreja, iniciado na rua Azusa, na cidade norte-americana de Los Angeles, Califórnia, em 1906 é o mais duradouro e extraordinário avivamento espiritual de toda a história da Igreja, uma demonstração viva e inequívoca de que nos aproximamos celeremente da volta de Jesus Cristo para arrebatar a Sua Igreja, pondo fim a dispensação da graça.
A partir da Reforma Protestante, quando há um verdadeiro avivamento na Igreja, que consegue se livrar dos dogmas romanistas de forma ostensiva e organizada, a história começa a registrar episódios do fenômeno da glossolália, ou seja, do falar em línguas estranhas, com cada vez maior intensidade. T. L. Souer, em sua obra História da Igreja Cristã, no volume 3, na página 406, informa que Martinho Lutero falava em línguas estranhas, sendo que, no século XVII, entre os quacres (grupo religioso protestantes formado na Grã-Bretanha), é dito que, com freqüência, os crentes recebiam o derramamento do Espírito e falavam em línguas, fenômeno que era, também, comum entre os pietistas, grupo protestante da Alemanha.
Seria, porém, no século XIX, que os casos de glossolália aumentariam. O pastor presbiteriano inglês Edward Irving (1792-1834) recebeu o batismo no Espírito Santo, o que o levou a ser excluído de sua denominação. Seu grupo acabou por fundar a Igreja Apostólica de Londres que, entretanto, se diluiu depois da morte de seu líder.
Nos Estados Unidos, também foram verificadas ocorrências de glossolália e tal fenômeno passou a ser freqüente em vários grupos de crentes, a ponto de os evangelistas da época passarem a pregar a existência de uma “segunda bênção”, subseqüente à salvação e que consistia em um “revestimento de poder do Alto”, “segunda bênção” esta que os evangelistas Dwight Lyman Moody e R.A. Torrey chamaram de “batismo no Espírito Santo”, não tendo, porém, pregado que a evidência deste batismo seria o falar em línguas estranhas. Charles Finney seria outro grande pregador que passaria a defender a “segunda bênção”.
Charles Fox Parham, na escola que fundou na cidade de Topeka, no estado norte-americano de Kansas, chegou, com seus alunos, em 1900, à constatação de que o “batismo no Espírito Santo”, na Bíblia Sagrada, era sempre evidenciado pelo falar em línguas estranhas e, naquela mesma escola, no dia 1º de janeiro de 1901, foi batizada com o Espírito Santo a aluna Agnes Ozmam, a primeira pessoa a ser batizada com o Espírito Santo com a consciência de que o sinal para tanto era o falar em línguas estranhas depois do período apostólico.
Após este batismo e como alguns achassem que Agnes tivesse falado em chinês e em boêmio, entre outras línguas, Parnham passou a entender que as línguas faladas eram idiomas estrangeiros e que o falar em línguas estava vinculado à obra missionária. Por causa disso, se, de um lado, não eram verdadeiros os pensamentos de que as línguas estranhas eram idiomas estrangeiros (o que causa até hoje confusão no meio doutrinário), de outro, houve o início de uma concepção de que se estava diante de um instante de derramamento do Espírito Santo com perspectiva missionária, o que fez com que o movimento pentecostal fosse concebido com uma tarefa de evangelização de todo o mundo, o que explica a sua amplitude mundial no seu centenário.
Parnham começou a viajar pelos Estados Unidos para divulgar a descoberta que fizera e a ganhar alunos nestas suas andanças, entre os quais, um pastor negro leigo (isto é, que não havia estudado em seminário para se ordenar pastor), William Joseph Seymour, que pastoreava uma igreja em Houston, Texas, quando, em 1905, foi convidado por Neely Terry, que freqüentava uma pequena igreja da Santidade em Los Angeles e que havia ficado impressionada com o pastor (que não cessava de defender a tese da “segunda bênção” mediante a evidência do falar em línguas), para que ele visitasse sua igreja.
William Joseph Seymour chegou a Los Angeles em 22 de fevereiro de 1906 e, dois dias depois, pregou na igreja, mas o líder da igreja rejeitou seu ensino e Seymour teve de pregar nas casas dos crentes que aceitaram a mensagem, grupo que logo cresceu e passou a se reunir na casa de Richard e Ruth Asbery na rua Bonni Brae, 214. Em 9 de abril de 2006, começou o avivamento, com o batismo no Espírito Santo de Edward Lee. Naquele mesmo dia, seis outras pessoas receberiam o batismo com o Espírito Santo e, em 12 de abril,  o próprio Seymour seria batizado com o Espírito Santo.
Ante o aumento do grupo, após estes primeiros batismos, acabou sendo ocupado um galpão na rua Azusa, 312, onde funcionara antigamente uma igreja metodista africana, local que estava sendo usado como estábulo para abrigar feno e animais, onde se iniciou um avivamento que foi o responsável pela deflagração do movimento pentecostal que hoje conhecemos, inclusive das Assembléias de Deus no Brasil, pois os missionários suecos Gunnar Vingren e Daniel Berg freqüentaram este movimento e lá tiveram a chamada para pregar no Brasil.
Completamos cem anos do início deste grande avivamento na rua Azusa, do início deste derramamento sem igual do Espírito Santo em todo o mundo, sinal da “chuva serôdia”, ou seja, a “chuva da primavera”, que, em Israel, vinha um pouco antes da colheita, que, como sabemos, é a figura do arrebatamento da Igreja. Nada mais adequado e oportuno, portanto, que analisemos a Bíblia Sagrada e verifiquemos em que se baseiam as chamadas “doutrinas bíblicas pentecostais”, que nada mais são que os ensinos das Escrituras a respeito da atualidade da operação do Espírito Santo na Igreja, crença esta que foi a principal motivadora para este movimento que, por crer que o Espírito Santo continuava a atuar da mesma maneira que na igreja primitiva, proporcionou a evangelização de praticamente o mundo inteiro em cem anos, cumprindo, assim, o que Jesus já dissera em Mt.24:14.
I – A PROMESSA DO PENTECOSTES E SUA GRANDEZA (Atos 16-18)
A promessa do derramamento do Espírito Santo é o ponto de partida de todas as doutrinas bíblicas pentecostais, objeto do nosso estudo neste trimestre.
1. “Derramarei o meu Espírito” - O “derramamento do Espírito Santo” jamais pode ser considerado como uma “inovação” ou um “modernismo”, como, lamentavelmente, foi tratado por muitos, notadamente no início do movimento pentecostal, há cem anos atrás. Aliás, foi uma constante, na história dos líderes da primeira geração deste movimento, o fato de terem sido expulsos de suas congregações ou denominações, por terem crido, pregado e recebido o batismo com o Espírito Santo. Estas mesmas denominações, na atualidade, possuem seus segmentos pentecostais, mas não são poucos os que, ainda hoje, costumam alardear o fato de que os primeiros líderes pentecostais foram “excluídos” de suas primitivas igrejas locais e que, por isso, “todo movimento pentecostal é espúrio, nascido da rebeldia e da liderança de pessoas excluídas”. Entretanto, quando nos voltamos para a Bíblia Sagrada, vemos que tais pessoas, ainda que tenham sido excluídas de suas igrejas locais, encontram-se na mesma situação do cego de nascença, que, por ter crido em Jesus, foi expulso da sinagoga, mas foi recebido pelo Senhor (Jo.9:34-41).
O “derramamento do Espírito Santo” é cumprimento das Escrituras, tem base na Palavra de Deus e, portanto, nele crer é crer na verdade, nele crer é ficar do lado do Senhor Jesus. O mais antigo texto exclusivamente profético(Jl 28:32) já predizia este “derramamento” e, pois, não se trata de qualquer invenção humana, mas de demonstração clara e explícita de fé em Deus.
A promessa do “derramamento do Espírito Santo” foi a base do sermão de Pedro no dia de Pentecoste, quando a Igreja iniciou a sua tarefa de evangelização, como vemos em At.2:14-21, que, não por acaso, é o texto bíblico básico desta lição. Aliás, é este o motivo pelo qual os que se envolveram neste movimento passaram a ser chamados de “pentecostais” e a base doutrinária, que é o objeto do nosso estudo, de “pentecostalismo”. Somos chamados de “pentecostais”, porque retomamos a promessa bíblica do “sermão de Pentecoste”, ou seja, da pregação de Pedro proferida no dia de Pentecoste.
O que caracterizou o “movimento pentecostal”, como ficou conhecido o avivamento iniciado a partir de 1906 na rua Azusa, o maior e mais duradouro avivamento de toda a história da Igreja, foi, precisamente, o fato de se ter chegado à consciência de que, desde o dia de Pentecostes, o Senhor tem prometido à sua Igreja um “derramamento do Espírito Santo” e de que este “derramamento”, vivenciado e experimentado pela igreja primitiva, não se circunscrevia aos tempos apostólicos, mas que estava à disposição da Igreja e que estava predito para ter igual ou até maior intensidade que nos dias dos apóstolos nos dias finais da dispensação da graça, pouco antes da volta de Jesus para o arrebatamento da Igreja, sendo indispensável para a obra missionária que alcançaria todas as nações, como predito pelo Senhor em Mt.24:14.
As “doutrinas bíblicas pentecostais” são todas retiradas das Escrituras, ou seja, têm uma base bíblica, bem ao contrário das falsas doutrinas, heresias e modismos que foram alvo de estudo no trimestre anterior. Enquanto que as falsidades doutrinárias têm origem em “visões”, “revelações” e “iluminações”, a base doutrinária do “movimento pentecostal” encontra-se toda ela na Bíblia Sagrada, na Palavra de Deus e, por isso, integra a verdade (Jo.17:17). Eis a grande diferença entre o que cremos e aquilo que é proferido e ensinado cada vez mais nestes dias tão difíceis.
Como nada que ocorre nas Escrituras e, por conseguinte, no plano de Deus ao homem é por acaso, é sem propósito, também não é coincidência nem muito menos um acidente que a promessa do derramamento do Espírito Santo tenha se cumprido no dia de Pentecostes, uma das três mais importantes festas judaicas, ao lado da Páscoa e da Festa dos Tabernáculos (Ex.23:14-19). A própria festa de Pentecostes, também chamada de “festa da sega dos primeiros frutos” (Ex.23:16), “festa das semanas”(Dt.16:16) ou “festa das primícias (Ex.34:22), já era uma figura que apontava para o próprio derramamento do Espírito Santo.
Como nos explica a própria Bíblia, a lei, com todas as suas cerimônias, ritos e prescrições, tinha uma finalidade educativa, pedagógica, pois servia de “sombra” das coisas que estavam para vir (Cl.2:16,17; Hb.10:1), tudo tendo sido escrito para nosso ensino (Rm.15:4). Assim, a festa judaica de Pentecostes é uma figura, um símbolo, um tipo do derramamento do Espírito Santo e, por isso mesmo, este derramamento se iniciou num dia de Pentecostes, para que, através do que está escrito sobre esta festa judaica, entendêssemos o significado desta operação espiritual, que é fundamental para a nossa vida cristã.
Em Linhas Gerais, o significado da Festa Judaica “A Festa de Pentecostes – A festa de Pentecostes era uma das três grandes festividades anuais do povo israelita, conforme determinado na lei de Moisés, as festas em que deveriam comparecer à presença de Deus todos os varões (Ex..23:14-19). Esta festa foi denominada de "festa da sega dos primeiros frutos" (Ex.23:16), "festa das semanas"  e "festa das primícias" (Ex.34:22), porque, nela, deveriam os israelitas trazer os primeiros frutos colhidos durante o ano (o ano religioso começava, precisamente, na Páscoa, como se vê em Ex.12:2). Paralelismo com o derramamento do Espírito Santo - Não é coincidência que o derramamento do Espírito Santo tenha se iniciado no dia de Pentecostes. Em primeiro lugar, é importante salientar que estamos diante do "ano aceitável do Senhor" (Lc.4:19), ou seja, o tempo em que haveria a pregação do evangelho. Este ano se iniciou com a morte de Jesus Cristo no Calvário, que nos abriu um novo e vivo caminho para o Pai (Hb.10:20), episódio que, por inaugurar este ano do Senhor, nada mais é que a Páscoa (I Co.5:7). Tanto assim é que, no dia seguinte ao sábado da páscoa, era oferecido um molho das primícias da colheita ao sacerdote (Lv.23:10), que seria movido perante o Senhor, primícia esta que não outra senão o primogênito dentre os mortos, aquele que ressuscitou no primeiro dia da semana, Cristo Jesus (I Co.15:20,23; Cl.1:18). Em seguida, cinqüenta dias depois, vinha o Pentecostes, a festa que indica o início da colheita no ano, ou seja, a ocasião que demonstra o início da salvação da humanidade através da Igreja, o início do movimento do Espírito Santo, baseado no sacrifício de Cristo, com poder e eficácia, em prol da colheita das almas para o reino celestial, algo que perdurará até a festa da colheita final, até o final deste ano, que se dará com a terceira festa, a festa das trombetas ou festa dos tabernáculos, que representa a volta de Cristo, o arrebatamento da Igreja.
Assim, a descida do Espírito Santo somente poderia ocorrer, mesmo, na festa das primícias, na festa das semanas, que indica o início da colheita, o início da manifestação plena do Espírito Santo no meio da humanidade com vistas à salvação das almas. Era o começo do movimento e o Espírito Santo sempre esteve relacionado com o mover, como vemos desde a Sua primeira aparição no texto sagrado (Gn.1:2).
Esta festividade, posteriormente, passou a ser chamada pelos Sábios Rabínicos de "Shavuot”, passando a representar a recepção da Lei por parte do povo de Israel. Entretanto, essa mudança de nome não foge a considerações por parte dos cristãos, porquanto aponta para um elucidativo paralelo com o “derramamento do Espírito Santo”, vez que o derramamento do Espírito Santo é a operação que demonstra, de modo inequívoco, o comprometimento do crente com as Escrituras Sagradas. O movimento pentecostal é aquele que demonstra, de modo cabal, a observância da Bíblia como única regra de fé e de prática.
O nome hebraico "Shavuot" quer dizer "semanas", precisamente porque era comemorada sete semanas depois da Páscoa (ou seja, 49 dias depois da Páscoa, ou seja, num intervalo de 50 dias entre a Páscoa e esta celebração). “Shavuot é celebrado nos dias 6 e 7 de sivan, ou seja, neste ano de 2006, nos dias 2 e 3 de junho(http://www.israel3.com/article923.html).
Em "Shavuot", os israelitas deveriam apresentar os primeiros frutos da colheita para o Senhor, em gratidão a Deus pela fertilidade da terra. Tratava-se de uma festa em que se ofereciam estes primeiros frutos a Deus e o sacerdote deveria apresentar esta oferta como uma "oferta de movimento", "dois pães de movimento", além de animais para sacrifícios (Lv.23:15-25). Era uma festa em que se agradecia a Deus pelo fruto da terra, em que se apresentava ao Senhor uma "oferta de movimento".
Essas “ofertas de movimento”, antes de serem queimadas, eram movimentadas para frente e para trás, na direção do altar. “ ‘(…)Com este gesto, o sacerdote dava a entender que a oferta estava sendo dada a Deus. E então esses mesmos itens eram queimados sobre o altar’ (John D. Hannah). O movimento servia para atrair a atenção de Deus, como se pedisse que Ele aceitasse a oferenda…” (CHAMPLIN, R.N. O Antigo Testamento interpretado, v.1, p.436).  A “oferta de movimento”, portanto, revela que o era ofertado a Deus era fruto de gratidão e de dedicação, de um “mover”, de um envolvimento em tudo o que dizia respeito a Deus e à Sua obra. É por isso que o pentecostalismo é um “movimento”, uma vida espiritual dinâmica e que não comporta paralisia nem formalismo paralisante, pois o que é próprio do Espírito Santo, é o “movimento”, pois é assim que o Espírito surge, pela primeira vez, nas Sagradas Escrituras (Gn.1:2).
O Pentecostes era celebrado após as primeiras chuvas da primavera, a chamada “chuva temporã” (Dt.11:14), as primeiras chuvas do ano religioso (que se iniciava com a Páscoa, que era celebrada sempre no início da primavera – Ex.12:2), de modo que a festividade estava relacionada com o início do “derramamento de água” sobre a terra da Palestina, o que havia possibilitado a apresentação dos “primeiros frutos” diante do Senhor, antes do “verão”, estação de grande calor (notadamente na região desértica do Oriente Médio), onde haveria a formação das safras mais importantes, o crescimento das grandes colheitas, mas sob o influxo destas primeiras chuvas e pouco antes das chamadas “chuvas de outono”, ou “chuva serôdia” (Dt.11:14; Os.6:3), que eram as chuvas antes da grande colheita, a chuva que daria a força final para o crescimento e maturação das plantações.
Pães e Dízimas de farinha - Outra peculiaridade do ritual de Pentecostes era o número de pães e de dízimas de farinha, a saber, dois, a nos lembrar do propósito missionário envolvido no derramamento do Espírito Santo. Com efeito, quando Jesus enviou Seus discípulos para a missão nos dias de Seu ministério terreno, fê-lo de “dois em dois” (Lc.10:1), tendo, também, o Espírito Santo designado, na igreja de Antioquia, dois homens para iniciarem a primeira missão transcultural da Igreja (At.13:2). O “derramamento do Espírito Santo”, portanto, tem um intento missionário, como, aliás, ensinou Jesus pouco antes de subir aos céus (At.1:8).
Estes pães, ao contrário do que ocorria na Páscoa, continham fermento (Lv.23:17), aliás, era a única vez em que se apresentava pão fermentado diante do Senhor. A presença do fermento tinha a conotação de mostrar a relação da colheita do ano com a do ano anterior, indicava continuidade, e estava relacionado com a própria idéia de crescimento e fertilidade que se aguardava da colheita. Aplicabilidade para Hoje-O “derramamento do Espírito Santo” indica-nos a continuidade da obra de Deus em favor do homem, a continuação do ministério de Cristo, agora através do outro Consolador, que está na Igreja, que nos permitirá lembrar o que Jesus nos ensinou (Jo.16:14,15). É, por isso, que o verdadeiro pentecostal não é um “inovador”, não é um “modernista”, mas, antes de tudo, um “conservador”, um “preservador” da sã doutrina, da pureza doutrinária, porque representa a continuação da operação divina, de um Deus que não muda e em que não há mudança nem sombra de variação (Tg.1:17).
Sacrifício de Animais - Além das ofertas de movimento, eram também sacrificados animais, sete cordeiros sem mancha, de um ano, e um novilho, e dois carneiros, num total de dez animais que, somados aos que deveriam ser oferecidos diariamente, chegava-se a um total de vinte animais (catorze carneiros, três touros e três bodes). Objetivo - Aplacar a ira de Deus, satisfazê-lO no sentido de não culpar o povo pelos seus pecados, e, deste modo, na festa de Pentecoste, tinha-se, como conseqüência, uma grande satisfação por parte do Senhor, uma propiciação abundante (“o cheiro suave ao Senhor” – Lv.23:18). Aplicabilidade para Hoje - Indica que o “derramamento do Espírito Santo” é resultado de uma satisfação do Senhor pelo sacrifício de Cristo, pelo resultado da obra redentora do Calvário(Is.53:11a). É uma bênção seguinte à salvação, um “movimento” resultante da comunhão obtida com o Senhor por intermédio de Jesus. A presença de sacrifício de animais como oferta pacífica (caso dos dois cordeiros, apresentados também como oferta movida ao Senhor) indica-nos que o “derramamento do Espírito Santo” está vinculado à santidade, ou seja, não se tem, no dia de Pentecoste, um sacrifício por pecado, mas uma “oferta pacífica” (Lv.23:19), o que, de imediato, nos faz ver que o “derramamento do Espírito Santo” é algo exclusivo daquele que já tem comunhão com Deus, que está em santificação, a desmentir “operações do Espírito Santo” em meio ao pecado e à idolatria, como tem sido alardeado por aí, notadamente entre os romanistas ditos “carismáticos”.
A oferta do pão era apresentada juntamente com o sacrifício, o sacrifício pacífico, a indicar, portanto, que o “derramamento do Espírito Santo” jamais se desvincula seja do sacrifício de Cristo, que foi o nosso sacrifício pelo pecado, como também dos esforços e da dedicação de cada crente (o nosso sacrifício pacífico).
O “derramamento do Espírito Santo” mantém a centralidade na pessoa de Cristo e da sua obra salvadora, tem como finalidade a dinamização da mensagem do Calvário (daí porque não serem genuínas manifestações “espirituais” que mudem o tema da pregação da Igreja), como também cria um comprometimento, um esforço e uma dedicação crescentes na vida dos que forem alcançados por esta bênção. O “derramamento do Espírito Santo”, portanto, não pode gerar comodismo nem sensação de “superioridade espiritual”, mas, bem ao contrário, envolvimento e comprometimento no trabalho de evangelização e de aperfeiçoamento dos santos.
2. A Profecia de Joel(Jl 2:28-32) - A profecia de Joel começa com a descrição de um estado lamentável em que se encontrava o povo de Israel, um estado de miséria e de extrema necessidade. Entretanto, após ampla descrição desta situação, o profeta chama o povo ao arrependimento, à conversão, a fim de que possa restabelecer a prosperidade do povo (Jl.2:12-17). A mensagem profética é clara: somente com a conversão do povo, o Senhor terá zelo da terra e Se compadecerá do Seu povo (Jl.3:18). Com a conversão, o quadro trágico é radicalmente alterado, sobrevindo a bênção divina sobre a terra, com o restabelecimento da prosperidade e da alegria. Então, o Senhor, diz o profeta, “…dará ensinador de justiça e fará descer a chuva, a temporã e a serôdia, no primeiro mês” (Jl.2:23).
Percebemos, pois, que a profecia fala que, antes da “chuva temporã e serôdia”, deve vir a conversão e a vinda do “ensinador de justiça” e haveria abundância nas colheitas, satisfação e louvor ao Senhor e, então, se saberia que o Senhor estaria no meio de Israel, que Ele só é o Deus de Israel, povo que jamais se envergonharia (Jl.2:24-27). O “ensinador de Justiça” é figura de Cristo, o Messias.
Chuva Temporã e Serôdia” - figura do “derramamento do Espírito Santo - A ”chuva temporã e serôdia” é uma figura do “derramamento do Espírito Santo”, vez que sobreviria à vinda do “ensinador de justiça”, isto é, à vinda de Cristo, do Messias, trazendo vida espiritual abundante e a certeza de que o Senhor estaria no meio do Seu povo.
Sem Conversão não há “Derramamento do Espírito Santo” - O “derramamento do Espírito Santo” é uma conseqüência resultante da conversão feita mediante a pessoa do “ensinador de justiça”, ou seja, da conversão e da fé em Cristo Jesus. Mais uma vez, vemos que a profecia confirma a figura apresentada na festa judaica das semanas, ou seja, de que é impossível que se tenha o “derramamento do Espírito Santo” sem que haja uma prévia conversão e, principalmente, que o “derramamento do Espírito Santo” não se confunde com a conversão, sendo uma bênção posterior.
Chuva temporã e Serôdia”, representa os dois instantes do Derramamento do Espírito Santo - A profecia apresenta-nos, também, nesta sua primeira parte, a conscientização de que o “derramamento do Espírito Santo” se daria em dois instantes, quais sejam, o da “chuva temporã”, no início do ano religioso, logo após a Páscoa, e a “chuva serôdia”, a chuva tardia, a chuva que ocorre pouco antes do término do ano civil, no outono. Este período corresponde ao “ano aceitável do Senhor” (Lc.4:19), que nada mais é que a dispensação da graça (Ef.3:2).
Derramamento do Espírito Santo sobre toda a carne” (Jl.2:28a) – Esta é a parte mais conhecida da profecia, que é a que foi mencionada por Pedro no dia de Pentecostes. Este texto, aliás, deve ser entendido de duas maneiras: como repetição da promessa da vinda de Deus para o meio do Seu povo, em meio a uma abundância espiritual e material, seguinte à conversão, como também uma promessa futura de derramamento do Espírito sobre todo o povo de Israel, por causa do uso da palavra “depois”, numa visão escatológica que se adéqua às promessas relacionadas com o reino milenial de Cristo.
A promessa é de “derramamento”, que atingiria “toda a carne”, ou seja, o Espírito de Deus, que, segundo os preceitos judaicos, era peculiar ao povo de Israel, estaria sendo disseminado entre todas as nações, todos os povos, sobre todo o ser humano. Tal promessa prenunciava, portanto, um tempo inteiramente novo sobre a Terra, onde a presença do Senhor se faria sentir além das fronteiras do “reino sacerdotal”, da “propriedade peculiar entre os povos”, que era Israel (Ex.19:5,6), algo jamais visto pela humanidade desde a queda do homem no jardim do Éden.
E vossos filhos e vossas filhas profetizarão”(Jl 2:28b) - A profecia prossegue dizendo que este derramamento, que não escolhe fronteiras (tanto é que a expressão “sobre toda a carne” que se encontra na ARC, é traduzida na NVI como “sobre todos os povos”) também não se prende a distinção de gênero, tanto que o profeta diz que tanto “os filhos” quanto “as filhas” “profetizarão”. Nesta expressão, o profeta mostra, de modo claro, que a operação do Espírito Santo que se diz, agora, universal, é uma operação idêntica àquela que era reservada antes apenas aos profetas, é a presença do Espírito Santo no interior das pessoas, assim como ocorria no ministério profético da antiga aliança (do qual o próprio Joel é um exemplo), mas que atingiria tanto homens quanto mulheres.
Os vossos velhos terão sonhos, os vossos mancebos terão visões”(Jl 2:28c) - Aqui, também, notamos que o “derramamento do Espírito Santo” ignora a discriminação relacionada com a idade, algo que era já freqüente na Antigüidade e que tem sempre ocorrido nas civilizações humanas. Se hoje há uma discriminação voltada ao idoso, o que não ocorria naqueles tempos, naquela época, a discriminação era em relação às crianças e jovens, tanto que, como podemos observar, os próprios discípulos de Cristo procuraram impedir o acesso de crianças ao Senhor. O “derramamento do Espírito Santo” está à disposição tanto de idosos quanto de jovens e são eles igualmente aptos para serem instrumentos nas mãos do Senhor.
A profecia, neste ponto, também indica que o “derramamento do Espírito Santo” tem por finalidade dirigir o povo de Deus na sua caminhada para o céu. “Visões” e “sonhos” são meios de revelação da vontade divina por modos sobrenaturais, a mostrar, claramente, que a sobrenaturalidade continua a existir mesmo depois da vinda de Cristo, o “ensinador de justiça”.
E também sobre os servos e sobre as servas...” (Jl 2:29) – O profeta prossegue a sua mensagem dizendo que o derramamento do Espírito Santo também não teria discriminação social. O “derramamento do Espírito Santo” está à disposição tanto da elite quanto das camadas marginalizadas da sociedade, é uma bênção que não vê posição social, pois para Deus não há acepção de pessoas (Dt.10:17; At.10:34). Devemos, por isso, ter muito cuidado para não vincularmos a posição de alguém entre os homens com a sua posição na igreja local, lembrando que Deus é imparcial e que o “derramamento do Espírito Santo” a todos iguala. Não foi casual que o avivamento da rua Azusa tenha se iniciado por intermédio de um pastor leigo e negro em pleno Estados Unidos da América que, há pouco menos de 40 anos, havia entrado em guerra civil justamente por causa da escravidão negra. “…Deus escolheu as coisas loucas deste mundo para confundir as sábias; e Deus escolheu as coisas fracas deste mundo para confundir as fortes.”(I Co.1:27) e “…o homem natural não compreende as coisas do Espírito de Deus, porque lhe parecem loucura; e não pode entendê-las, porque elas se discernem espiritualmente.”(I Co.2:14). Por isso, sem o Espírito do Senhor, jamais poderemos entender o movimento pentecostal.
A Promessa do Derramamento do Espírito Santo cumprida no Dia de Pentecostes – A promessa do derramamento do Espírito Santo começou a se cumprir no dia de Pentecostes subseqüente à morte e ressurreição de Jesus. Naquele Pentecostes do ano 30, como afirmou o apóstolo Pedro no sermão inaugural da Igreja, cumpria-se a profecia de Joel, na festividade judaica que servira de tipo e figura principal desta promessa. O Espírito Santo foi derramado sobre os quase cento e vinte discípulos que haviam permanecido em oração em Jerusalém, consoante o mandado do Senhor.
Pedro, diante da perplexidade de alguns e da zombaria de outros, tomou a palavra e fez um sermão cheio do poder de Deus, que levou à conversão de quase três mil almas e ao surgimento da Igreja, contra a qual as portas do inferno não prevalecem. O apóstolo Pedro mostrou como aquele episódio “estranho” era cumprimento da profecia de Joel e que como se abria um novo horizonte para a humanidade, que teria uma inigualável oportunidade de salvação (At.2:21,37-40).
Não é por mérito - Há pessoas que imaginam que o batismo com o Espírito Santo vem por mérito próprio. Uma pessoa não recebe o batismo com o Espírito Santo por ser melhor o que outra ou mais dedicada ao serviço cristão ou aparentemente mais santa. Essa promessa é estendida a todo aquele que crê e invoca o nome do Senhor”.
È para os nossos dias. Não há qualquer texto nas Escrituras que diga que o batismo com o Espírito Santo e os dons espirituais foram apenas para a época dos discípulos, como reza a corrente teológica chamada cesassionista. Isso demonstra que este derramamento do Espírito Santo é para os nossos dias — atual —, e não é de "propriedade" dos pentecostais, pois é estendido a todos. Pentecostal é quem crê na contemporaneidade do batismo com o Espírito Santo e dos dons espirituais. Curiosamente, quem crê que este derramamento é coisa do passado não diz que a salvação, o batismo e a Ceia do Senhor também são coisas que perderam seu valor. Isso demonstra uma carência de se estudar o texto bíblico com um coração aberto ao que a Bíblia diz em sua inteireza. Precisamos conhecer não penas as Escrituras, mas também o poder de Deus”(Revista Ensinador Cristão).

II – CONCLUSÃO

O avivamento centenário da rua Azusa representou, indubitavelmente, o início da “chuva serôdia”, depois do “longo e causticante verão” ocorrido na história da Igreja, depois dos tempos apostólicos até o surgimento do “movimento pentecostal”. Isto também é cumprimento das Escrituras, algo inevitável e já predito (Mt.24:35). Glorifiquemos ao Senhor porque somos da geração do outono, porque vivemos antes do “terrível inverno” que se abaterá sobre o mundo, após o arrebatamento da Igreja e nos esforcemos para que recebamos a “chuva serôdia” e nos mantenhamos a invocar o nome do Senhor, a ficar no monte Sião e na Jerusalém, que hoje é a Igreja, para que demos bons frutos, para não sermos cortados pelo machado, nem deixemos de ser recolhidos como trigo para o celeiro do Senhor Jesus. Assim fazendo, confiantemente veremos a face do Senhor naquele dia.
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Elaboração: Luciano de Paula Lourenço – Prof. EBD/Assembléia de Deus –Ministério Bela Vista/Fortaleza-CE.
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Bibliografia: Comentário Bíblico do Prof. Dr. Caramuru Afonso Francisco, Prof Antonio Sebastião da Silva; Bíblia de Estudo-Aplicação Pessoal. Revista Ensinador Cristão.


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