16 de mar. de 2014

O BATISMO COM O ESPÍRITO SANTO

O BATISMO COM O ESPÍRITO SANTO
Subsídio Teológico
Leitura Bíblica: Lc 24.49, 52; At 2.1-4.
INTRODUÇÃO
O batismo com o Espírito Santo é uma promessa de Deus feita no Antigo Testamento(Jl 2:28-32) e cumprida no Novo Testamento(At 2:1-4), e permanece em nossos dias.É um revestimento de poder, com a evidência física inicial das línguas estranhas para o ingresso do crente numa vida de profunda adoração e eficiente serviço a Deus (Lc 24.49; At 1.8; 10.46; 1 Co 14.15, 26). Essa promessa é concedida a todos os que crêem em Cristo, e não há qualquer versículo no Novo Testamento que comprove que essa experiência ficou restrita à época dos discípulos. É algo a ser vivenciado pela Igreja em nossos dias.
Não podemos confundir o batismo com Espírito Santo com o batismo descrito em 1 Co 12.13; Gl 3.27; Ef 4.5. Nestes textos sagrados, trata-se de um batismo figurado, apesar de real. Todos aqueles que experimentaram o novo nascimento (Jo 3.5)são   imersos no corpo místico de Cristo (Hb 12.23; 1 Co 12.12ss). Nesse sentido, todos os salvos são batizados pelo Espírito Santo, mas nem todos são batizados com o Espírito Santo. A experiência do novo nascimento e do Batismo com o Espírito Santo são distintas, sendo que esta última deve ser, necessariamente, antecedida da primeira, ou seja, o batismo com o Espírito Santo é uma experiência que se segue à conversão na vida espiritual do crente. Após ter nascido de novo, o homem tem à sua disposição a possibilidade de ser revestido de poder, de receber poder divino para que, assim, possa, de uma forma plena e eficaz, ser testemunha de Jesus Cristo neste mundo.
I.  A PROMESSA DO BATISMO E O SEU CUMPRIMENTO
A maior parte dos chamados evangélicos tradicionais (ou reformados), ou seja, as denominações evangélicas surgidas durante a Reforma Protestante, movimento de renovação espiritual surgido a partir do século XV na Europa e que teve, entre outros, grandes expressões nas figuras de Martinho Lutero e João Calvino, não aceitam que o batismo com o Espírito Santo seja uma realidade para os nossos dias. Argumentam que o derramamento do Espírito Santo foi um acontecimento restrito ao dia de Pentecostes ou, quando muito, aos tempos apostólicos, algo como a própria inspiração do Espírito Santo que resultou na elaboração do Novo Testamento. Entretanto, este entendimento não pode ser aceito, porque não tem respaldo bíblico, pois a Bíblia diz que no dia de Pentecostes, Pedro já dá a amplitude desta operação do Espírito Santo, ao invocar a profecia de Joel a respeito do derramamento do Espírito. O texto sagrado deixa-nos bem claro que a promessa estava reservada para os últimos dias, até o grande e glorioso dia do Senhor (At.2:16-20), reforçando, ao término da pregação, que a promessa dizia respeito tanto a judeus quanto a gentios, a tantos quantos Deus nosso Senhor chamar (At.2:39). Pelo que podemos, portanto, concluir, pelas Escrituras, que o batismo com o Espírito Santo é uma manifestação que tem sua duração prevista até o "grande e glorioso dia do Senhor", ou seja, " …o Juízo Final de Deus sobre toda a impiedade, que incluirá a tribulação dos sete anos e a volta de Cristo para reinar sobre a Terra…" (BÍBLIA DE ESTUDO PENTECOSTAL).
Não bastasse isso, vemos que um dos objetivos do batismo com o Espírito Santo é a devida preparação para a obra de evangelização, algo que é próprio e característico da dispensação da graça (Lc.24:49; At.1:8). Não eram apenas os discípulos da geração apostólica que deveriam pregar o Evangelho, mas a grande comissão é tarefa de toda a igreja, como nos deixam claro as expressões de Jesus, que são dirigidas a toda a igreja (Mc.16:15 e At.1:8), assim como os ensinamentos de Paulo a este respeito (I Co.9:16; II Tm.4:1,2). Ora, diante disto, temos que o batismo com o Espírito Santo é uma operação que deve perdurar enquanto a igreja estiver pregando o evangelho, o que acontecerá até o final desta dispensação (Mt.24:14; Ap.22:17).
A história da Igreja, ademais, tem comprovado que o batismo com o Espírito Santo não é uma realidade circunscrita aos tempos apostólicos. Durante todos os avivamentos ocorridos nestes dois milênios, tem havido registros da manifestação do batismo com o Espírito Santo. Grandes homens de Deus, mesmo entre os chamados "reformados", mostra-nos a história, receberam esta bênção, como, por exemplo, registra-se na Igreja Morávia, num avivamento ocorrido durante cem anos no século XVIII, avivamento, inclusive, responsável pelo despertamento e conversão de John Wesley (o que alguns metodistas renovados indicam como sendo a experiência pentecostal de Wesley, em 24 de maio de 1738, é, em verdade, a experiência de novo nascimento do grande pregador do Evangelho).
O movimento pentecostal surgido a partir do final do século XIX, de onde surgiram as grandes denominações evangélicas dos nossos dias (entre elas, as Assembléias de Deus), que agora completa cem anos, é apenas um destes avivamentos, ainda que seja o mais duradouro de todos os tempos, mais um sinal da proximidade da volta do Senhor. Diante destes fatos (e contra fatos, não há argumentos), não há como defender que a promessa do batismo com o Espírito Santo seja reservado apenas para os dias apostólicos.
Os resultados vividos pela Igreja a partir do despertamento espiritual experimentado a partir do final do século XIX e o avivamento mais duradouro que se tem notícia desde então, com a evangelização de praticamente todo o mundo, mostra-nos, claramente, que nos encontramos no período da "chuva serôdia" descrita pelo profeta Joel (Jl 2:23), ou seja, que nos encontramos no término da dispensação da graça e que, portanto, como nunca, estamos vendo que o batismo com o Espírito Santo é algo que é indispensável e necessário para que a Igreja cumpra o seu objetivo e para que, juntamente com o Espírito Santo, encontre-se com o Senhor nos ares. Maranata!
A PROMESSA É PARA TODOS? Eu diria que sim, senão vejamos: At 2:38-39 – “...Arrependei-vos, e cada um de vós seja batizado em nome de Jesus Cristo para perdão dos pecados, e recebereis o dom do Espírito Santo. Porque a promessa vos diz respeito a vós, a vossos filhos e a todos que estão longe: a tantos quantos Deus, nosso Senhor, chamar.
Joel 2:28-32 –“E há de ser que, depois, derramarei o meu Espírito sobre toda a carne.....”.
No Antigo Testamento, a ação do Espírito Santo era bem específica sobre líderes, profetas, sacerdotes, reis, etc. O povo apenas presenciava a presença do Espírito na vida dos líderes.
Exemplos: Moisés e os Anciãos (Nm 11:16-17- Rei Saul(1Sm 10:6) e Rei Davi, Sansão, Elias e Eliseu, etc. Os reis ao serem ungidos recebiam o poder do Espírito Santo, que era derramado sobre eles. Nos dias de hoje o Espírito Santo não é exclusividade, mas é para todos.
Ao anunciar que os discípulos deveriam aguardar o revestimento de poder, Jesus não fez qualquer restrição a respeito de quem deveria aguardar o batismo com o Espírito Santo. "Ficai, porém, na cidade de Jerusalém, até do que do alto sejais revestidos de poder" (Lc.24:49), foram as palavras proferidas pelo Senhor, palavras estas que foram ditas, segundo nos dá conta o apóstolo Paulo, há mais de quinhentos crentes, que o ouviam no monte das Oliveiras, neste seu último discurso antes de ascender os céus (cfr. I Co.15:6; At.1:12; Lc.24:50,51). Assim, a promessa foi feita para todos quantos criam em Jesus e professavam Seu nome naquele tempo, ou seja, a toda a igreja então existente.
Isto nos mostra, de modo claro, que não havia qualquer restrição de Jesus, a quem quer que fosse, para que recebesse o batismo com o Espírito Santo, mas que, a exemplo do que acontecera com relação ao novo nascimento, também todos pudessem ter esta mesma experiência.
Lamentavelmente, dos mais de quinhentos que ouviram a promessa, apenas quase cento e vinte perseveraram até o dia de Pentecostes (At.1:15) e, por isso, só estes, naquela oportunidade, foram revestidos de poder. Entretanto, e isto é muito importante, tantos quantos perseveraram e creram nas palavras do Senhor, alcançaram a bênção, mesmo se não eram do colégio apostólico (então com onze integrantes, tendo sido escolhido Matias para complementação do número original), se eram homens ou mulheres (sim, mulheres também estavam entre os que foram batizados com o Espírito Santo(cfr. At.1:14), se eram crentes antigos (como os primitivos discípulos, como Pedro, João e André) ou se eram crentes recentemente convertidos (como os irmãos de Jesus, que se converteram apenas depois da ressurreição do Senhor, cfr. I Co.15:7). A vontade de Jesus é batizar a tantos quantos creiam na promessa e nela perseverem.
A promessa do Derramamento do Espírito Santo seria Dentro e Sobre a pessoa. Estas duas situações mostram a diferença entre receber o Espírito Santo e receber o Batismo no Espírito Santo.

DENTRO - para regeneração/conversão(Receber o Espírito Santo)

Ez 36:26-27 – “Dar-vos-ei um coração novo, e porei dentro em vós um espírito novo; tirarei de vós o coração de pedra e vos darei um coração de carne. Porei dentro de vós o meu Espírito, e farei que andeis nos meus estatutos, e guardeis os meus juízos, e os observeis.”Veja também 1 Co 12.13; Gl 3.27; Ef 4.5.
Esta promessa está falando de conversão, regeneração. No dia em que você aceitou Jesus no seu coração, como Senhor e Salvador de sua vida, o Espírito de Deus veio habitar dentro de você. É Ele que te convence do pecado...
Cumprimento da promessa: Jo 20: 19-22.
SOBRE - para revestimento de poder (Receber o Batismo no Espírito Santo)
Mt 3:11 – “Eu vos batizo com água, para arrependimento. Mas após mim vem aquele que é mais poderoso do que eu..... Ele vos batizará com o Espírito Santo e com fogo.”

Cumprimento da promessa – At 2:4.

SE A PROMESSA É PARA TODOS, ENTÃO QUALQUER PESSOA, MESMO OS CARISMÁTICOS CATÓLICOS PODEM RECEBER O BATISMO COM O ESPIRITO SANTO? Com certeza, não. O novo nascimento é um ato sobrenatural indispensável para que ingresse no reino de Deus. A soberania de Deus na vida de alguém somente se inicia quando este alguém nasce de novo, e, nascer de novo, exige a atuação conjugada da Palavra de Deus e do Espírito Santo, bem como a aceitação do homem para que esta atuação se faça.
Esta experiência, também chamada de regeneração (ou seja, nova geração), conversão ou salvação (em sentido estrito, pois a salvação abrange outros aspectos além deste), é uma operação do Espírito Santo e tem, como objetivo, a remoção dos pecados e o estabelecimento de uma vida espiritual, ou seja, de uma comunhão entre Deus e o homem.
Após ter ressuscitado, Jesus apresentou-Se, durante espaço de quarenta dias, aos Seus discípulos (At.1:3). Numa destas vezes, João diz-nos que o Senhor assoprou sobre os discípulos, dizendo para que eles recebessem o Espírito Santo (Jo.20:22), afirmação que mostra que o Senhor estava restabelecendo a comunhão entre Si e os discípulos, que O haviam abandonado por ocasião dos fatos relativos à Sua paixão e morte. Esta expressão de Jesus, única nos evangelhos, existe, exatamente, para nos deixar explícito que a conversão, embora seja obra do Espírito Santo, não se confunde com o revestimento de poder. Os discípulos que se encontravam no cenáculo tiveram esta experiência da regeneração na tarde do domingo da ressurreição, enquanto que só seriam batizados com o Espírito Santo no dia de Pentecostes, ou seja, cerca de quarenta e sete dias depois.
Quando verificamos as narrativas bíblicas referentes a batismo com o Espírito Santo, veremos, sempre, duas características: primeiro, que os batizados já eram convertidos, ou seja, já tinham nascido de novo antes da experiência do batismo com o Espírito Santo; segundo,  que não é possível batismo com o Espírito Santo sem o prévio novo nascimento.
A narrativa do dia de Pentecostes deixa-nos claro que os quase 120 discípulos que se encontravam no cenáculo naquele dia eram todos convertidos e nascidos de novo. Além de ali estarem todos aqueles que receberam o Espírito Santo por um sopro do Senhor na tarde do dia da ressurreição (Jo.20:22) e que, portanto, haviam sido objeto de regeneração, também se encontravam outros que, como anunciara alguns dias antes o apóstolo Pedro, eram "irmãos" (At.1:16) e que, com os doze, haviam "convivido todo o tempo em que o Senhor Jesus entrou e saiu dentre nós, começando desde o batismo de João até o dia que dentre nós foi recebido em cima" (At.1:22). É importante, ainda, observar que o número de irmãos, ou seja, pessoas convertidas e que seguiam a Jesus, era, já nesta época, segundo podemos inferir das palavras de Paulo, mais de quinhentas pessoas (I Co.15:6), mas somente quase cento e vinte alcançaram o batismo com o Espírito Santo. Ao chamar estas pessoas que estavam no cenáculo de "irmãos", Pedro mostra que todos tinham a mesma natureza espiritual, provinham do mesmo Pai, eram filhos de Deus, porque criam em Jesus (Jo.1:12). Eram, ademais, pessoas que eram testemunhas do ministério de Jesus, fruto mesmo deste ministério e que tinham seguido a Jesus e, agora, já estavam aguardando a Sua volta (At.1:9-11), o que caracteriza um sincero e fiel servo do Senhor (II Tm.4:7,8). Temos, portanto, que o número de nascidos de novo, de regenerados, de crentes era diferente do número de batizados com o Espírito Santo no dia de Pentecostes. Assim, nem todo regenerado foi batizado com o Espírito Santo, mas todo batizado com o Espírito Santo havia sido regenerado.
Portanto, as experiências de um suposto “batismo com Espírito Santo” que ocorrem entre os católicos carismáticos, à luz da Palavra de Deus, podemos dizer que se tratam de um novo ardil do adversário de nossas almas (II Co.2:10,11), cujo poder de imitação é imenso e contra o qual temos, sempre, de manter a máxima cautela (II Co.11:14; Gl.1:8; I Tm.4:1). Senão vejamos:
a) o batismo com o Espírito Santo somente advém sobre os nascidos de novo - se o batismo com o Espírito Santo somente advém sobre os nascidos de novo, ou seja, somente quem nasceu da água e do Espírito, temos que só os salvos podem ser batizados com o Espírito Santo. Pode, então, um batizado com o Espírito Santo ser idólatra? Naturalmente que não, pois o novo nascimento é o ingresso para entrar no reino de Deus (Jo.3:3), enquanto que o idólatra é alguém que está do lado de fora deste mesmo reino (Ap.21:8; 22:15). Então, como os carismáticos são idólatras e, mesmo na idolatria, dizem ter recebido o Espírito Santo?
b) o batismo com o Espírito Santo tem como finalidade a concessão de poder para que sejamos testemunhas de Jesus - se o batismo com o Espírito Santo tem como finalidade dar poder aos crentes para que sejam testemunhas de Jesus (At.1:8), pode, então, alguém batizado com o Espírito Santo deixar de ser testemunha de Jesus? Naturalmente que não! Entretanto, os carismáticos, após se dizerem "batizados com o Espírito Santo", alegam que esta experiência os levou a serem mais devotos de Maria. Fazem questão de afirmar que são "filhos de Maria" e, inclusive, por ocasião da festa católica do Pentecostes, realizam seus "cenáculos com Maria". Isso contradiz a verdadeira experiência pentecostal, visto que o batismo com o Espírito Santo visa, além de revestir o crente com poder para testemunhar, também glorificar a Deus, e Deus não divide sua glória com ninguém(Is 43:10,11). Não podemos crer em uma experiência dita “pentecostal” que induz a pessoa à idolatria, pois a mesma é condenada pela Bíblia.
Portanto, as experiências relatadas pelos católicos carismáticos nada têm a ver com o batismo com o Espírito Santo narrado na Bíblia Sagrada.
II - QUAL O OBJETIVO DO BATISMO COM O ESPÍRITO SANTO? As bênçãos de Deus não são dadas a esmo nem as experiências sobrenaturais colocadas à disposição dos servos de Deus existem por si sós ou para exaltação e soberba dos que a vivenciam. Muito pelo contrário, as experiências proporcionadas por Deus têm como objetivo trazer condições ao Seu servo para que realize os sublimes propósitos divinos, bem como sirvam para a glorificação do nome do Senhor.
O primeiro objetivo de Jesus para batizar os Seus servos com o Espírito Santo é, precisamente, fazer com que o crente possa ser Sua testemunha. É o que verificamos no texto de At.1:8. Alguém só pode ser testemunha de alguém se tiver presenciado o fato, se conhecer a pessoa ou a sua vida e obra. Tanto assim é que a lei brasileira, por exemplo, diz que não pode ser considerada como testemunha aquele que nada souber sobre os fatos que estão sendo analisados num determinado processo (artigo 209, § 2º do Código de Processo Penal). Como poderia um crente falar a respeito do amor e do poder de Deus, se não os presenciasse, se não os vivenciasse? Somente o crente batizado com o Espírito Santo é testemunha plena e completa da obra de Deus através de Jesus Cristo, pois não só desfruta do amor de Deus, pois é salvo, como também foi envolvido pelo poder de Deus através do revestimento de poder.
Jesus foi o primeiro a anunciar a necessidade do revestimento de poder para que se pudesse realizar a obra que estava destinada aos Seus discípulos. Determinou-lhes que não saíssem de Jerusalém até que do alto fossem revestidos de poder (Lc.24:49). Para que pudessem levar a efeito o trabalho de evangelização de todo o mundo, como lhes havia sido mandado (Mc.16:15), era indispensável que tivessem, da parte de Deus, o correspondente poder, o que lhes seria trazido pelo batismo com o Espírito Santo: " Mas recebereis a virtude do Espírito Santo, que há de vir sobre vós e ser-Me-eis testemunhas, tanto em Jerusalém como em toda a Judéia e Samaria, e até aos confins da terra." (At.1:8)
O próprio Jesus demonstrou, uma vez mais, que, para que se possa realizar com êxito a tarefa de evangelização, é indispensável o batismo com o Espírito Santo. Assim, para que o seu vaso escolhido pudesse realizar a tarefa para o qual estava comissionado, qual seja, o da pregação do evangelho aos gentios (At.9:15), havia a necessidade de que Paulo fosse batizado com o Espírito Santo (At.9:17), tanto que, ainda em Damasco, antes que pudesse, com eloqüência, pregar o evangelho (At.9:20), já fora revestido de poder, poder este que o próprio Paulo afirma ter sido fundamental para o seu ministério (I Co.2:4,5).
O segundo objetivo de Jesus para batizar os Seus servos com o Espírito Santo é o de proporcionar ao crente a alegria do Espírito Santo. A Bíblia fala-nos que, uma vez cheios do poder do Espírito, os discípulos passaram a falar das grandezas de Deus (At.2:11). Estavam todos alegres, glorificando a Deus e exaltando o nome do Senhor. A alegria no Espírito Santo é uma característica indispensável para quem quer ser semelhante a Cristo (Lc.10:21). A alegria é resultado da ação do poder de Deus nas nossas vidas (cfr. Lc.10:17) e, como bem afirmou Neemias, quando o povo chorava enquanto ouvia a Palavra de Deus, "a alegria do Senhor é a nossa força" (Ne.8:10). Quando somos salvos, recebemos a alegria da salvação (Sl.51:12), mas se trata de uma alegria introspectiva, interna, enquanto que o gozo advindo da experiência pentecostal faz com que ela jorre para os outros, se expresse com ousadia e seja capaz de compungir os corações dos que nos ouvem.
O terceiro objetivo de Jesus para batizar os Seus servos com o Espírito Santo é o de transmitir poder sobrenatural a eles, propiciando a recepção dos dons espirituais. Com o batismo com o Espírito Santo, o crente passa a ser portador de porção do poder divino, que o torna capaz de operar maravilhas, sinais e prodígios para a glorificação do nome do Senhor. Cheios do Espírito Santo, Pedro e João puderam conceder a cura ao coxo da porta Formosa, dando-lhe aquilo que tinham obtido mediante o revestimento de poder. Aliás, a concessão deste poder está tão relacionada ao batismo com o Espírito Santo, que o próprio Jesus o denominou de "revestimento de poder". É importante, aqui, observar a expressão bíblica "revestimento", ou seja, o crente já é vestido de poder, pois recebeu o Espírito Santo, foi por ele gerado, é uma nova criatura, contra a qual nada pode fazer o mal (I Jo.5:18), mas, quando batizado com o Espírito Santo, passa a ter um poder todo especial, que lhe permite efetuar obras maiores até que as que foram feitas por Jesus em Seu ministério terreno (cfr. Jo.14:12).
O quarto objetivo de Jesus para batizar os Seus servos com o Espírito Santo é o de criar um ambiente de maior intimidade entre o crente e o Espírito Santo, que cria um outro patamar espiritual seja na oração, seja no serviço. O batismo com o Espírito Santo é um "mergulho", uma "imersão" no Espírito. A pessoa passa a estar envolvida pelo Espírito Santo, a estar integralmente sob a influência do Espírito Santo, a desfrutar de uma intimidade tal que dispensa até mesmo a intermediação de nossa alma neste relacionamento espiritual (como ocorre quando falamos em línguas estranhas, cfr. I Co.14:2). Em conseqüência desta intimidade, o crente pode ser usado mais eficazmente pelo Espírito Santo e lhe compreende os desígnios com muito mais facilidade, o que não ocorre com o que não é batizado com o Espírito Santo. Enquanto Apolo teve de ser orientado por Priscila e Áquila, Paulo não teve dificuldade em discernir onde o Espírito Santo queria que ele pregasse o Evangelho.
III - OS CONCEITOS DO BATISMO COM O ESPÍRITO SANTO
O que é o Batismo com o Espírito Santo? Diríamos que é:
Revestimento de poder - Lc 24:49- “E eis que sobre vós envio a promessa de meu Pai; ficai, porém, na cidade de Jerusalém, até que do alto sejais revestidos de poder”.
Unção - I Jo 2:27 – “E a unção que vós recebestes dele fica em vós, e não tendes necessidade de que alguém vos ensine; mas como a sua unção vos ensina todas as coisas, e é verdadeira, e não é mentira, como ela vos ensinou, assim nele permanecereis”.
Virtude do Espírito - At 1:8 – “Mas recebereis a virtude do Espírito Santo, que há de vir sobre vós; e ser-me-eis testemunhas tanto em Jerusalém como em toda Judéia e Samaria e até os confins da terra”.Virtude é poder em ação. É o poder divino para testemunhar de Cristo, para ganhar os perdidos para Ele e ensinar-lhes a observar tudo quanto Ele ordenou.
Segundo o Pr Antonio Gilberto - Da parte de Deus, o batismo com o Espírito Santo é, a um só tempo:
1. Uma ditosa promessa - "a promessa do Pai" (At 1.4). O batismo com o Espírito Santo procede da vontade, amor e promessa de Deus para os seus filhos.
2. Uma dádiva celestial inestimável - "o dom do Espírito Santo" (At 2.38). O batismo é uma dádiva de Deus aos crentes.
3. Uma imersão do crente no sobrenatural de Deus - "sereis batizados com o Espírito Santo" (At 1.5). A partícula original desta última referência também permite a tradução "batizados no Espírito Santo".
4. Um revestimento de poder do alto - "até que do alto sejais revestidos de poder" (Lc 24.49). É como alguém estando vestido espiritualmente, ser re-vestido de poder do céu.
É importante que tenhamos em mente que, embora o batismo com o Espírito Santo seja uma manifestação do poder de Deus, esta manifestação, em absoluto, é uma mera demonstração de poder, mas é algo que tem um propósito, uma finalidade bem definida: a evangelização do mundo.
O batismo com o Espírito Santo não pode ser uma experiência que esteja separada da salvação e seu objetivo não pode ser outro senão edificar a vida do salvo que o recebe para tornar eficaz a pregação do evangelho para os outros que contemplarem e observarem a vida daquele que recebe a experiência do Batismo. O Espírito Santo resulta na salvação de outras almas, tem como efeito a conversão, o novo nascimento de outras pessoas, como se vê desde o primeiro derramamento, ocorrido no dia de Pentecostes, quando quase três mil almas foram salvas em virtude do poder transmitido pelo batismo a Pedro e aos demais discípulos que com ele estavam no cenáculo (At.2:14,37-41).
IV - COMO RECEBER O  BATISMO COM O ESPÍRITO SANTO-CONDIÇÕES
1) A pessoa tem que ser salvaO batismo com o Espírito Santo é para quem já é salvo. Os discípulos ao serem batizados no Dia de Pentecostes: a) Tinham seus nomes escritos no céu (Lc 10.20); b) Eram limpos diante de Deus (Jo 15.3
O novo nascimento é a primeira operação do Espírito Santo. Sem ele, ninguém pode entrar no reino de Deus. Estando-se debaixo do domínio do Espírito Santo, o indivíduo passa a desfrutar de outras ações do Espírito em sua vida, uma das quais é o batismo com o Espírito Santo. Para que alguém seja batizado com o Espírito Santo, é fundamental que tenha nascido de novo, mesmo que este novo nascimento tenha sido, aos olhos humanos, concomitante ao batismo com o Espírito Santo, na verdade é indispensável que alguém tenha se convertido para que possa ser batizado com o Espírito Santo.
2) Obedecer(At 5:32) “e nós somos testemunhas acerca destas palavras, nós e também o Espírito Santo, que Deus deu àqueles que lhe obedecem.” –
3) Crer ba Promessa divina do Batismo com Espírito Santo - O batismo é chamado "a promessa do Pai" (Lc 24.49; At 1.4).”...Se creres verás a glória de Deus”(Jo 11:40).
4) Buscar com sede, em oração - A oração é um elemento necessário e indispensável para o crente obter o batismo com o Espírito Santo. “Ora, vós que sois maus, sabeis dar boas dádivas aos vossos filhos,quanto mais o Pai celestial dará o Espírito Santo àqueles que lho pedirem?”(Lc 11:33).”Todos estes perseveravam unânimes em oração...”(At 1:14).
A Bíblia informa-nos que, embora tivesse feito a promessa do revestimento de poder, o Senhor determinou aos Seus discípulos que aguardassem o cumprimento desta promessa em Jerusalém, não precisando quando nem como ela viria. Os discípulos, diz-nos o texto sagrado, foram, então, para o cenáculo e lá ficaram orando durante dez dias até que, no dia de Pentecostes, foram revestidos de poder.
A Bíblia, também, nos informa que, em Samaria, o batismo com o Espírito Santo somente veio quando os discípulos impuseram as mãos sobre os crentes samaritanos e começaram a orar. Isto mostra, claramente, que foram batizados aqueles que, sabendo da promessa e do intuito da oração dos discípulos, dispuseram-se a orar e a permitir que fossem alvo da imposição de mãos dos apóstolos.
Com relação a Paulo, também não foi diferente. Paulo estava orando já há alguns dias, desde a sua conversão e, quando Ananias chegou, este fez uma oração e Paulo acabou sendo cheio do Espírito Santo, sendo de se observar que tal circunstância, ante o silêncio do texto bíblico, não causou surpresa a Ananias, o que nos permite inferir que era algo comum que alguém que estivesse orando e buscando a Deus, obtivesse esta bênção de poder.
Na casa de Cornélio não houve uma busca consciente do batismo no Espírito Santo, operação que tinha, da parte de Deus, um propósito de superação de barreiras culturais que poderiam impedir a conversão e reconhecimento daqueles novos crentes por parte da igreja primitiva, mas não é de se desprezar a circunstância de que o texto sagrado nos dá conta de que Cornélio e a sua casa estava ansiosa e toda reunida à espera da chegada de Pedro, numa clara demonstração de que buscavam eles a presença de Deus, ainda que o fizessem, como gentios que eram, na forma do tatear (cfr. At.17:27).
Por fim, a mesma disposição vamos presenciar nos discípulos de Éfeso que, após terem sido batizados em água, aceitaram ter a imposição de mãos e, conscientemente, buscaram e obtiveram o batismo com o Espírito Santo.
O maior ensino de insistência quando o assunto é o batismo com o Espírito Santo, é o proferido por Jesus no sermão do monte (Mt.7:7-11).
5) Viver em Obediência à vontade do Senhor – “Ora, nós somos testemunhas deste fatos, e bem assim o Espírito Santo, que Deus outorgou aos que lhe obedecem”(At 5.32). Para você que busca o batismo, há alguma área da sua vida não submissa totalmente a Cristo?
V. OS RESULTADOS DO BATISMO COM O ESPÍRITO SANTO
1)Edificação espiritual individual. Mediante o cultivo das línguas recebidas com o batismo, o crente é edificado pessoalmente (1 Co 14.4,15).
2) Maior dinamismo espiritual. Isto é, mais disposição e maior coragem na vida cristã para testemunhar de Cristo (Mc 14.66-72; At 4.6-20).
3)Maior desejo e resolução para orar e interceder (At 3.1; 4.24-31; 6.4; 10.9; Rm 8.26). O crente cheio do Espírito ora e intercede constantemente a favor dos filhos de Deus.
4)Maior glorificação do nome do Senhor. Isto "em espírito e em verdade", nos atos e na vida do crente (Jo 16.13, 14).
5)Ousadia e eficácia no testemunho e na pregação (At 1:8; 4:31, 33; 6:8-10; Rm 15:18-19; I Co 2:4).
6) Operação de Sinais e Maravilhas (At 6:8; I Co 2:4; Rom 15:18-19).
7)Maior sensibilidade contra o pecado que entristece o Espírito Santo, maior busca de retidão, percepção mais profunda do juízo divino contra a impiedade (Jo 16:8; Ef 4:30).
8)Maior amor à palavra de Deus e melhor compreensão dela (Jo 16:13; At 2:42).
9)Submissão aos que estão em autoridade sobre nós (Gl 5:18-21; Hb 13:7; 13:17).
10) Capacita o crente ao ministério evangelistico((At 1.8; 8.1-40).
11) Capacita o crente a falar em outras línguas (At 2.4; 10.46,46).
12) Capacita o crente a servir a igreja em suas necessidades sociais (At 6.1-7).
13) Capacita o crente a glorificar e orar a Deus poderosamente (At 10.45,46; 16.15;  4.31; Ef 5.18-20; Cl 3.16; Rm 8.26; Jd v.20).
14) Capacita o crente atender a chamada ministerial específica (At 13.1-4; 26.29; 10.1-48; At 20.24).
Por essas e outras inumeráveis razões o crente deve orar e glorificar intensamente a Deus a fim de que receba a magnífica promessa do batismo no Espírito Santo.
VI – CONCLUSÃO
O batismo com o Espírito Santo continua sendo o instrumento indispensável e necessário para que possamos enfrentar o nosso adversário e ganhar almas para o reino do Senhor, a começar da nossa própria (pois de nada adianta o homem ganhar o mundo inteiro e perder a sua própria alma - Mt.16:26). Jesus é o mesmo (Hb.13:8) e, deste modo, não haveria de mudar. Se determinou aos discípulos que aguardassem o revestimento de poder para que, com êxito, cumprissem a Sua vontade, se é Seu desejo que todos os crentes sejam batizados com o Espírito Santo, não haveria de, agora, às vésperas de Sua volta, alterar os Seus desígnios, modificar a Sua vontade. Sendo assim, se o(a) querido(a) irmão(ã) ainda não é batizado(a) com o Espírito Santo, o que está a esperar? Comece, agora mesmo, a buscar esta promessa, que é para tantos quantos Deus nosso Senhor chamar (At.2:39b).
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Elaboração: Luciano de Paula Lourenço – Prof. EBD/Assembléia de Deus –Ministério Bela Vista/Fortaleza-CE.
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Fonte de Pesquisa: PORTAL EBD - Comentário Bíblico do Prof. Dr. Caramuru Afonso Francisco, Prof Antonio Sebastião da Silva; Bíblia de Estudo-Aplicação Pessoal. Revista Ensinador Cristão.

 


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