O
AVIVAMENTO CONTÍNUO DA IGREJA
Leitura
Bíblica: Ap 3:14-22
Subsidio
Teológico
INTRODUÇÃO
Um dos pontos
essenciais do pentecostalismo é a crença de que o avivamento da
Igreja é contínuo, ou seja, que Deus não cessa de intervir no meio
de Seu povo para impedir que a vida espiritual deixe de ser
abundante.
O avivamento é uma
realidade bíblica, um fator que sempre acompanhou o povo de Deus,
seja Israel, na antiga aliança, seja a Igreja, nesta dispensação.
Portanto, um verdadeiro avivamento há de ter os contornos
estabelecidos pela Bíblia Sagrada, nossa única regra de fé e de
prática. Por isso, não se pode concordar com aqueles que
identificam o “pentecostalismo” como uma doutrina puramente
mística, que privilegia a subjetividade, ou seja, a emoção de cada
pessoa, que defenda um “contacto direto e místico” com Deus. A
doutrina pentecostal é, sobretudo, bíblica, ou seja, está fundada
nas Escrituras e se baseia totalmente nelas. É por isso, aliás, que
o tema do nosso trimestre é “doutrinas bíblicas pentecostais”,
ou seja, são doutrinas bíblicas que são evidenciadas e defendidas
pelos pentecostais.
A doutrina pentecostal
é, portanto, caracterizada não só pela crença de que o batismo
com o Espírito Santo e os dons espirituais, além dos demais sinais
confirmadores da Palavra, são uma realidade para os nossos dias, mas
uma experiência prática destas manifestações na vida de cada
crente e de cada igreja local, devendo assim continuar até que o
Senhor nos venha buscar.
A essência do
pentecostalismo consiste não só em crer que Deus continua a atuar
como nos tempos apostólicos, como também ter a mesma
espiritualidade daquela época.
CONSIDERAÇÕES GERAIS
1. O que é
Avivamento? - Avivamento é o ato de
“tornar ou tornar-se mais vivo, reanimar ou reanimar-se, despertar,
tornar-se mais forte, mais intenso, aumentar, intensificar-se,
tornar-se mais nítido, destacar-se, tornar-se mais ativo, tornar
mais ágil, apressar” (Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa).
Como se pode, pois, observar, quando se fala em avivamento se está a
falar de um estágio posterior ao de viver. Só
pode ser avivado quem já está vivo e é por isto que este termo foi
utilizado pelos pentecostais para se referir ao estágio espiritual
posterior à conversão, para o apossamento
das bênçãos espirituais nos lugares celestiais em Cristo (Ef.1:3).
Em primeiro
lugar, avivamento
é o ato de transformar a vida espiritual em uma vida mais
intensa, em uma vida abundante. Isto nos faz lembrar as palavras de
Jesus que disse que tinha vindo ao mundo para que seus discípulos
tivessem vida e vida em abundância (Jo.10:10). Vida abundante é uma
vida em toda a sua plenitude, com todos os benefícios proporcionados
pela comunhão com Deus. Vida é estar em comunhão com Deus, é não
ter mais separação de Deus por causa do pecado, mas vida abundante
é a comunhão com a presença de todas as bênçãos espirituais nos
lugares celestiais em Cristo.
Em segundo lugar,
avivamento é o ato de reanimar, de
despertar. O avivamento, também, assume as características de uma
renovação espiritual, de um desabrochar dos sinais da presença de
Deus que se estavam perdendo. Foi assim na história de Israel e tem
sido na história da Igreja. Foi por isso que o profeta Habacuque
pediu ao Senhor que avivasse a Sua obra ao longo do tempo, no
decorrer dos anos - “Aviva, ó Senhor, a Tua
obra no mmeio dos anos, no meio dos anos a notifica; na ira,
lembra-Te da misericórdia”(Hc 3:2).
“Aviva”, aqui, é tradução da palavra hebraica “chayah”,
cujo significado é “viver, fazer viver, manter vivo, viver
prosperamente, viver para sempre, sustentar a vida, ser rápido, ser
restaurado para a vida ou para a saúde”. Por isso um dos
significados de “chayah” é “fazer viver, manter vivo, viver
para sempre”.
Em terceiro
lugar, avivamento é o ato de tornar-se
mais forte, mais intenso, intensificar-se. A vida espiritual é
dinâmica, ou seja, é um contínuo movimento. Enquanto na vida
física, a partir da juventude, nós passamos a iniciar um desgaste
cada vez mais intenso, pois o homem exterior, isto é, o nosso corpo,
é corruptível, o homem interior, pelo contrário, como não sofre
os efeitos do tempo, passa a ter cada vez maior intensidade, a ter um
progresso a cada segundo que passa, caminhando para atingir o nível
de varão perfeito, a estatura completa de Cristo (II Co.4:16;
Ef.4:13). O avivamento, portanto, é a manutenção da vida
espiritual alcançada e a obtenção de maior vigor no decorrer do
tempo, pois o homem interior é corroborado com poder pelo Espírito
Santo (Ef.3:16). Por isso, um dos significados de “chayah” é
“sustentar a vida”.
Em quarto lugar,
avivamento é o ato de tornar-se mais
nítido, destacar-se. Uma igreja avivada é uma igreja que discerne
bem quais são os verdadeiros e autênticos crentes e quais são os
falsos apóstolos, a exemplo do que se deu na igreja de Éfeso que,
em seu tempo avivado, pôde desmascarar os falsos apóstolos
(Ap.2:2). Um crente avivado é aquele que demonstra a presença de
Deus na sua vida, bem como o poder do Espírito Santo. Por isso, os
sinais e maravilhas são abundantes, como se vê nos tempos
apostólicos (At.2:43; 4:30; 5:12,15; 19:4; I Co.2:4). Por isso, um
dos significados de “chayah” é “restaurar
para a vida e para a saúde”.
Em quinto lugar,
avivamento é o ato de tornar-se mais
ativo, mais ágil, apressar. O avivamento tem, como efeito, fazer com
que a haja mais ação na obra do Senhor, que haja um movimento e é
por isso que o avivamento é, antes de mais nada, um movimento do
Espírito Santo. Assim como no dia de Pentecoste, um som como de um
vento veemente encheu o cenáculo e causou um reboliço que chamou a
atenção de uma multidão de peregrinos, do mesmo modo o avivamento
na igreja local causa uma movimentação que faz com que haja uma
repercussão no meio da igreja e dos incrédulos. Porventura, não
foi o que ocorreu no avivamento da rua Azusa, cujos resultados se
espalharam, rapidamente, pelos quatro cantos do mundo, inclusive aqui
no Brasil?
O avivamento dá-nos a
consciência da urgência da tarefa da Igreja e não é casual que o
arrebatamento da Igreja seja antecedido por um avivamento, a “chuva
serôdia” que vinha um pouco antes da colheita, celebrada na Festa
dos Tabernáculos. Nossa dispensação terminará com a evangelização
de todas as gentes (Mt.24:14) e isto só é possível diante de um
avivamento, pois só ele faz com que haja pressa e urgência na obra
do Senhor. Por isso um dos significados de “chayah” é,
precisamente, o de “ser rápido”.
2.
Características do Avivamento Autêntico
- A doutrina pentecostal não é uma “inovação”, nem uma
“novidade”, mas é algo que está presente na Igreja desde o seu
primeiro dia de manifestação ao mundo, ou seja, o dia de
Pentecostes, pois é algo que está na Palavra de Deus e, todos
sabemos, que esta Palavra não muda, nem jamais mudará (Sl.33:11;
Mt.24:35; Lc.21:33; I Pe.1:23,25).
Se o avivamento
contínuo é bíblico, devemos observar nas próprias Escrituras
quais são as suas características, até para que não nos deixemos
enganar pelos “falsos avivamentos”, manifestações espirituais
espúrias e que nada mais são que falsificações e imitações do
inimigo de nossas almas, verdadeiros “ventos de doutrinas” que,
como analisamos no trimestre anterior, também estão a aumentar em
número, mormente agora quando se aproxima o dia da nossa
glorificação.
Uma igreja avivada,
pois, tem de ter os mesmos predicados que se encontraram na igreja de
Jerusalém logo após o dia de Pentecostes e que vemos minudentemente
descrita em At.2:41-47.
a)A primeira
característica é
a perseverança na Palavra de Deus. A igreja
primitiva iniciou-se pela conversão de quase três mil almas sob o
impacto da operação poderosa do Espírito Santo na vida dos
discípulos batizados com o Espírito Santo, levando-os a “receber
de bom grado a Palavra” (At.2:41). Este é o primeiro ponto
descrito nas Escrituras, pois todo avivamento
começa pelo “recebimento da Palavra”,
que, então, leva ao batismo nas águas, um sinal público que se dá
da transformação interior já ocorrida.
Desde
o Antigo Testamento, sempre vemos que os momentos de avivamento do
povo de Deus são caracterizados por uma busca da lei do Senhor, por
uma renovação no interesse e na observância das Escrituras. Todo e
qualquer movimento que menosprezar a Palavra de Deus, que não der
espaço ao estudo e ao ensino da Palavra, não é um verdadeiro
avivamento espiritual, mas um movimento místico, que se misturará
facilmente com manifestações sobrenaturais de procedência maligna.
Muitos insistem em
pregar que o início da vida espiritual se dá com o batismo e dizem
que isto se deu no dia de Pentecostes. O texto
sagrado diz que foram batizados aqueles que, de bom grado, receberam
a Palavra, ou seja, o recebimento da Palavra é o primeiro ponto,
a primeira mostra de um avivamento, não o
batismo, que é conseqüência, e somente para os que eram
incrédulos. Os crentes que haviam sido
revestidos de poder também receberam a Palavra e a pregaram com
unção e discernimento espiritual do que estava a ocorrer, sem que
precisassem ter sido batizados nas águas.
Todo avivamento é um
mover do Espírito Santo e a função primordial do Espírito Santo é
glorificar a Cristo, anunciando a Sua verdade (Jo.16:13-15). Ora, a
Verdade de Cristo é a Palavra de Deus (Jo.17:17), Palavra esta que
testifica de Jesus (Jo.5:39). Portanto, todo e qualquer avivamento
resulta em um retorno às Escrituras, à Palavra do Senhor.
Uma igreja avivada, ao
contrário do que muita gente pensa e faz na atualidade, não é uma
igreja que não estude a Palavra de Deus, nem uma igreja que, por
achar que “a letra mata”, não freqüenta ou nem tem cultos de
ensino e de doutrina, procurando apenas “reuniões de poder”. O
verdadeiro avivamento faz com que o crente seja guiado pelo Espírito
Santo e esta direção exige, em primeiro lugar, a perseverança na
doutrina dos apóstolos. Crente avivado é crente que conhece a
doutrina dos apóstolos e que, por isso, não se deixa levar por
qualquer “vento de doutrina”.
Não há como se
concordar com um “avivamento” que deixa de lado as Escrituras e
se apegam a invencionices humanas.
b)A segunda
Característica é
a perseverança na comunhão (At.2:42). O
avivamento espiritual é um movimento que dá aos crentes a
consciência de que são um único corpo cuja cabeça é Cristo e que
devem viver em união, sem qualquer distinção ou discriminação de
espécie alguma. O avivamento da rua Azusa causou espanto e críticas
por parte da sociedade norte-americana porque pôde reunir, em uma só
comunidade, brancos e negros, numa sociedade fortemente racista e
segregacionista como eram os Estados Unidos do início do século XX.
Um verdadeiro e genuíno avivamento não faz
distinção de espécie alguma, reconhecendo que, para Deus, não há
acepção de pessoas (Dt.10:17; At.10:34).
Por isso, na igreja primitiva, “todos os que criam estavam juntos e
tinham tudo em comum” (At.2:44). Desta feita, não se pode aceitar
como avivamento genuíno e autêntico aquele que é gerado em
“encontros secretos”, aonde somente algumas poucas pessoas têm
acesso, para receber uma “unção” sobre a qual estão proibidos
de revelar, como ocorre no gedozismo. Isto não é o avivamento
verdadeiro.
A perseverança na
comunhão, também, tem uma dimensão
vertical, ou seja, o avivamento leva os
crentes a terem uma consciência da necessidade de se santificar para
permanecerem em comunhão com o Senhor. Todo avivamento genuíno leva
o povo a melhorar os seus caminhos diante de Deus, aumentando a
qualidade de seu comportamento, a fim de diminuir as brechas pelas
quais pode advir a prática do pecado. Um verdadeiro e genuíno
avivamento não abre mão de uma postura ética diferente, não
admite a convivência com o pecado.
c)A terceira
característica é
a perseverança no partir do pão (At.2:42).
O partir do pão abrange mais do que a participação na ceia do
Senhor, também envolve a consciência da necessidade do próximo, do
amor ao próximo. Se é certo que o avivamento espiritual nos revela
que os crentes estão em paz com Deus, alimentando-se da Sua Palavra,
não é menos certo que nem só da Palavra viverá o homem, mas
também do pão material, tanto que vemos, sempre, nas igrejas
avivadas, um trabalho de assistência social e de benemerência bem
avançados (At.2:44,45; 4:35; II Co.11:9; Ef.4:28) e não somente por
intermédio da igreja local, com os diáconos, mas num relacionamento
fraternal, doméstico, independente da própria intermediação da
igreja (At.2:46).
d)A quarta
característica é a perseverança nas
orações. Uma igreja avivada não pára de orar, faz
contínua oração. Não podemos concordar com “avivamentos” que
têm barulho, emoção, mas que não levam os crentes a orar ou a
buscar a face do Senhor fora do “transe”. A história dos
avivamentos mostra que sempre o povo foi levado a buscar ao Senhor, a
orar, a jejuar e a adorá-lO na beleza da Sua santidade.
e)A quinta
característica é o temor a Deus
(At.2:43). Um verdadeiro avivamento não produz bagunça ou anarquia.
É um ambiente de ordem e de decência, onde o nome do Senhor é
glorificado e onde os incrédulos, ao invés de se escandalizarem,
sentem a presença do Senhor.Um avivamento traz ao povo uma devida
reverência às coisas de Deus, um respeito a tudo o que se relaciona
com o culto.
f)A sexta
característica é a ocorrência de
sinais e maravilhas (At.2:43). Uma igreja avivada é uma
igreja onde há milagres e sinais, mas, percebam os irmãos, este é
um dos últimos pontos mencionados por Lucas na descrição da igreja
primitiva. Estes sinais e maravilhas eram resultado de todas as
outras características, um elemento confirmador de tudo o mais. Não
podemos, pois, julgar pela aparência, apenas procurando os sinais,
mas devemos julgar os movimentos segundo a reta justiça, ou seja,
conferindo tudo com a Palavra de Deus, para só, então, nos atermos
aos sinais. Somente assim não seremos iludidos pelo adversário de
nossas almas (Jo.7:24; II Co.10:7).
Nos dias em que
vivemos, muitos se dizem pentecostais, mas há anos não vêem em
suas reuniões a ocorrência de sinais e de maravilhas. Não podemos
viver da memória, nem tampouco da história dos nossos pais na fé.
É preciso que o poder de Deus seja evidenciada no nosso meio, em
nossas reuniões. Se não há mais sinais e maravilhas, algo está
errado. Precisamos pedir a Deus um avivamento, avivamento que não é
apenas a busca de “milagreiros” ou a promoção de “campanhas”
para que haja “revelações”, “profecias”, “curas”, mas,
muito mais do que isto é necessário que a própria igreja local
verifique onde caiu, para se arrepender e, assim, praticar as
primeiras obras, tornando a ter o “primeiro amor”, assim como
Jesus mandou que a igreja de Éfeso fizesse, ela própria uma igreja
avivada que perdera o fervor (Ap.2:5).
g)A sétima
característica é
a perseverança na freqüência aos cultos e às demais reuniões da
igreja. Os crentes da igreja primitiva
“perseveravam unânimes todos os dias no templo”. Os crentes
sentiam prazer em cultuar a Deus e, por isso, iam ao Templo, onde
haviam sido ensinados, por sua cultura, a adorar ao Senhor. Os
avivamentos sempre mostram, nos seus registros, multidões reunidas
para adorar a Deus e ouvir a Sua Palavra, nas mais adversas
circunstâncias de tempo ou de lugar. Nada supera o desejo que tem o
crente avivado em se reunir e adorar ao Senhor e ouvi-lO falar, pois
ele está “…certo de que, nem a morte, nem
a vida, nem os anjos, nem os principados, nem as potestades, nem o
presente, nem o porvir, nem a altura, nem a profundidade, nem alguma
outra criatura nos poderá separar do amor de Deus, que está em
Cristo Jesus nosso Senhor.” (Rm.8:38,39).
h)A oitava
característica é
a alegria e singeleza de coração. Uma
igreja avivada é uma igreja que não se prende a formalismos, a
cerimônias, rituais e solenidades excessivas, mas uma igreja onde
não se desvia da simplicidade que há em Cristo Jesus (II Co.11:3).
O avivamento faz-nos ser simples e sinceros diante de Deus e dos
homens (II Co.1:12; Cl.3:22). A alegria que
caracteriza o avivamento espiritual nasce espontaneamente no coração
do crente avivado, porque é fruto do Espírito Santo, é o gozo pela
sua salvação (Sl.51:12). Como é diferente
a alegria de uma igreja avivada das aberrações como a “risada
santa” que tem sido difundida pelos falsos pregadores na
atualidade!
i)A nona
Característica é o louvor a
Deus(At.2:47). Um avivamento exalta o nome de Deus,
coloca-O acima de tudo o mais. Quando falamos em louvor, falamos em
exaltação de Deus, em cânticos, hinos e salmos que enalteçam o
Senhor e não o homem, que trazem enlevo à alma e ao espírito, e,
por conseguinte, não agridem o corpo, nem promovam qualquer
sentimento carnal. “Avivamentos” feitos com base em “louvorzões”,
que suprimem a Palavra do Senhor, que promovam a sensualidade e a
emoção, que agitem as pessoas e que se utilizem de ritmos criados
para adoração ao diabo ou a seus agentes, que privilegiem o “eu”
do crente em detrimento do Senhor nunca podem ser verdadeiros e
autênticos avivamentos.
j)A décima
característica é o crescimento da
igreja, ou seja, a salvação de almas, levando os
incrédulos a receber a Palavra de Deus, fechando-se, então, o
círculo virtuoso estabelecido pelo avivamento. O avivamento do povo
de Deus faz com que os homens glorifiquem ao Pai que está nos céus
(Mt.5:16) e, por causa disto, muito são constrangidos pelo Espírito
Santo e convencidos do pecado, da justiça e do juízo(Jo.16:8),
convertendo-se a Jesus Cristo. Por isso, os avivamentos sempre
fizeram as igrejas locais crescer numericamente, mas o crescimento
quantitativo é decorrência do crescimento qualitativo. Crescimento
numérico sem que, antes, tenha havido avivamento, não é
crescimento, é “inchamento”, cujos efeitos são
altamente prejudiciais à obra de Deus, como aconteceu com a Igreja a
partir do Edito de Milão, em 315, que deu origem a Igreja católica
romana, que abriu as portas ao paganismo e, conseqüentemente, ao
desvio espiritual.
3. Na história
da Igreja sempre houve um remanescente fiel -
O ilustre comentarista deste trimestre resolveu falar do avivamento a
partir da igreja de Laodicéia, uma igreja que representa o oposto de
uma igreja avivada, a fim de mostrar a importância do avivamento
para a igreja nos nossos dias, mas o avivamento contínuo sempre foi
uma constante na história do povo de Deus, não só de Israel, como
também da Igreja.
Em
todos os períodos identificados pelo Senhor temos sempre a presença
de um remanescente fiel ao Senhor, bem como a ação contínua do
Espírito Santo a avivar estes servos fiéis. Assim:
a) igreja de
Éfeso (correspondente ao período
apostólico, até por volta do ano 100) – uma igreja que nasce
avivada, mas vai perdendo o “primeiro amor”.
b) igreja de
Esmirna (correspondente ao período
pós-apostólico, mas de perseguições por parte de Roma, por volta
do ano 100 até por volta de 315) – uma igreja que, apesar da
presença dos integrantes da “sinagoga de Satanás”, tem riqueza
espiritual e é fiel até a morte.
c) igreja de
Pérgamo (correspondente ao período da
liberdade de culto por parte de Roma e início da paganização, por
volta de 315 até por volta de 600, com a instituição do Papado) –
uma igreja que se mantém fiel apesar de habitar onde está o trono
de Satanás, ainda que já sofrendo a infiltração da doutrina de
Balaão, da idolatria e dos nicolaítas.
d) igreja de
Tiatira (correspondente ao período que
vai por volta de 600 até a Reforma Protestante) – uma igreja se
mantém fiel, apesar da tolerância que há com “Jezabel” , com a
idolatria e com as profundezas de Satanás.
e) igreja de
Sardes (correspondente ao período que
vai da Reforma Protestante até o século XIX) – uma igreja fiel em
meio a uma igreja que está espiritualmente morta, alheia à volta de
Cristo.
f) igreja de
Filadélfia (correspondente ao período
que vai do século XIX até o arrebatamento da Igreja) – a igreja
fiel é despertada, evangeliza todo o mundo e é poupada da Grande
Tribulação.
g) igreja de
Laodicéia (correspondente ao período
que vai do século XIX até o arrebatamento da Igreja) – a igreja
apóstata ou paralela, concomitante a igreja de Filadélfia, mas que,
em vez de se despertar, prefere confiar na sua auto-suficiência e na
sua história, cujo final será trágico: ser vomitada pelo Senhor,
perdendo a chance de ser poupada da Grande Tribulação.
Vemos,
portanto, que não houve período da história da Igreja em que não
tenha existido um remanescente fiel, remanescente este que, por ter o
Espírito Santo nele, vez por outra, como as “chuvas escassas e
rápidas” do verão da Palestina, manifestaram-se em avivamentos
que passaram a ser cada vez mais intensos a partir do século XVIII,
culminando no avivamento do início do século XX, que indica o
início da “chuva serôdia”, do derramamento intenso do Espírito
Santo antes da volta do Senhor.
Os
pentecostais, portanto, têm razão quando ensinam que as Escrituras
nos mostram que o avivamento da Igreja é contínuo, jamais foi
interrompido desde o dia de Pentecostes do ano 30, embora esteja
determinado que se intensifique, como está intensificado nos últimos
cem anos, na proximidade da volta do Senhor.
4. Principais
Avivamentos da história da Igreja
A história da Igreja apresenta vários avivamentos, a demonstrar que, ao longo dos séculos, o Senhor sempre esteve presente no meio do seu povo e ainda que, depois dos tempos apostólicos, o período da “chuva temporã”, tenha havido o verão, que é caracterizado por uma temperatura alta, com poucas chuvas, normalmente de curta duração, o que, profeticamente, simboliza o período de escassez das manifestações espirituais abundantes na Igreja, foi um período de contínua intervenção divina, em menor expressão que no período da “chuva temporã” e no período subseqüente da “chuva serôdia”, mas, indubitavelmente, um período em que a Igreja ganhou vitalidade e força para dar a grande colheita que se verá no dia do arrebatamento da Igreja, pois é durante o verão que se dá o crescimento da safra, que se faz um grande esforço por parte dos lavradores e a formação do fruto, que amadurece no outono, depois da “chuva serôdia”. A seguir, os principais Avivamentos:
a) Líder:
Montana (século II) – Movimento: os
montanistas – Local e Época: Frigia (atualmente
Turquia) – por volta de 170 – Característica:
Diziam-se possuídos pelo Espírito Santo e manifestavam os dons
espirituais, em especial o de profecia. Lutavam contra a paralisia e
o intelectualismo das igrejas organizadas de sua época. Foi dado a
extremismos.
b) Líder:
Pedro Valdo (?-1217)– Movimento: os valdenses
– Local e Época: França – a partir de 1173 –
Característica: Adotaram a Bíblia como única regra
de fé e prática, aceitaram apenas o batismo e a ceia do Senhor. Há
registro de que alguns falaram em línguas estranhas. Surgimento da
Igreja Valdense, que existe até hoje.
c)
Líder: John
Wycliff(1329-1384)–
Movimento: os lolardos – Local
e Época: Inglaterra – a partir de
1378– Característica:
Criticaram a autoridade papal e adotaram a Bíblia como única regra
de fé e prática. Formaram pregadores leigos que passaram a explicar
as Escrituras ao povo, Escrituras traduzidas para o inglês. O
movimento difundiu-se pela Europa, em especial, na Boêmia, onde foi
alcançado Jan Hus.
d) Líder:
Jan Huss - Movimento: os taboritas, que deram origem à
Igreja Moraviana - Local e Época: Boêmia (atualmente
República Tcheca) – a partir de 1403 - Característica:
Condenaram o papado e a venda de indulgências, defenderam que a
Bíblia é a única regra de fé e prática. Surgimento da Igreja
Moraviana, reconhecida por seu ímpeto missionário na Europa
(inclusive será um pregador morávio que promoverá a conversão de
John Wesley).
e) Líder:
Martinho Lutero(1483-1546) - Movimento: os luteranos -
Local e Época: Alemanha – a partir de 1517 -
Característica: Defenderam a justificação somente
pela fé em Cristo, adotaram a Bíblia como única regra de fé e
prática. Há notícia de manifestação do dom de línguas,
inclusive pelo próprio Lutero.
f)Líder:
João Calvino (1509-1564) - Movimento: os calvinistas
ou presbiterianos – Local e Época: Suíça – a
partir de 1536 - Característica: Defenderam a
justificação pela fé em Cristo, adotaram a Bíblia como única
regra de fé e prática, bem como a doutrina da predestinação.
g) Líder:
Thomas Cartwright(1535-1603) - Movimento: os puritanos
- Local e Época: Inglaterra – a partir de 1571 -
Característica: Criticaram a organização eclesiástica da
Igreja Anglicana, considerando-a fora da igreja primitiva.
Sistematizaram a doutrina calvinista na Inglaterra e reforçaram a
idéia da Bíblia como única regra de fé e prática, exigindo
santidade como característica do cristão (uma igreja “pura”).
h)Líder:Robert
Browne(1550-1633) - Movimento: os brownistas,
precursores dos congregacionalistas – Local e Época:
Inglaterra – a partir de 1580 - Característica:
Criticaram o controle da igreja por parte do Estado e defenderam a
auto-organização das igrejas locais pelos crentes fiéis, com
eliminação de bispos e sacerdotes ordenados.
i) Líder:
George Fox (1624-1691) - Movimento: os “quackers” -
Local e Época: Inglaterra – a partir de 1644 -
Característica: Defenderam a Bíblia como única regra de fé
e prática, bem como a simplicidade e o abandono do luxo como
exigíveis na vida cristã. Também foram contrários à necessidade
de formação intelectual para a separação ao ministério, que é
resultado da chamada do Espírito. Defenderam a atualidade dos dons
espirituais, da
cura divina e dos
sinais e maravilhas dos tempos apostólicos.
j) Líder:
Philip Jakob Spener (1635-1705) e Nicolau von Zinzeldorf
(1700-1760)- Movimento: os pietistas e os morávios,
respectivamente - Local e Época: Alemanha – a partir
de 1670 - Característica: A Igreja Moraviana, fundada
pelos crentes que haviam adotado as idéias de Hus, vive um grande
despertamento e inicia um grande ímpeto missionário, após o início
de reuniões de oração, que passaram a ser uma “marca registrada”
desta denominação por 100 anos. Há notícias de derramamento do
Espírito Santo.
k) Líder:
John Wesley (1703-1791), Jonathan Edwards (1703-1758) e George
Whitefield (1714-1770) - Movimento: os metodistas e
“grande avivamento”, respectivamente - Local e Época:
Inglaterra – a partir de 1738 - Estados Unidos – a partir de 1734
- Característica: Evangelizado pelos morávios, Wesley
passou a defender a necessidade de uma santificação pessoal para
servir a Cristo, como também a necessidade de uma vida espiritual
abundante, em que a fé fosse posta em prática. Houve manifestação
de línguas estranhas, inclusive pelo próprio Wesley.Defenderam a
simplicidade da fé cristã, uma vida de santificação e de pureza,
como também a existência de um avivamento contínuo na Igreja, de
forma equilibrada e centrada na Palavra de Deus, que não se
confundia com emocionalismo nem com a resposta humana à graça de
Deus.
l) Líder:
Charles Grandison Finney(1792-1875) - Movimento:
o “segundo grande avivamento”) - Local e Época:
Estados Uniddos – a partir de 1821 - Característica:
Converteu-se e foi imediatamente batizado com o Espírito Santo, cuja
realidade fez parte de suas pregações.Grande pregador ganhou
multidões para Cristo, que permaneciam cerca de 85% fiéis ao
Senhor.
m) Líder:
Edward Irving (1792-1834) - Movimento: Igreja Católica
Apostólica, que teria cura duração após a sua morte - Local
e Época: Escócia
– a partir de 1822 - Característica: Pregador
eloqüente, pregava contra o materialismo vigente e a frieza
espiritual. Sentindo a iminência da volta de Cristo, começou a
clamar por um derramamento do Espírito Santo e houve manifestação
de línguas estranhas e do dom de profecia.
n) Líder:
Charles Haddon Spurgeon (1834-1892) - Local e Época:
Inglaterra – a partir de 1851 - Característica:
Considerado o “príncipe dos pregadores”, eram comuns a
ocorrência de sinais e prodígios nas reuniões de sua igreja local.
o) Líder:
Dwight Lyman Moody (1837-1899) e Reuben Archer Torrey (1856-1928) -
Local e Época: Estados Unidos – a partir de
aproximadamente 1860 - Característica: Moody,
evangelista sem igual, pregou a respeito da “segunda bênção”,
uma bênção necessária ao crente após a conversão. Seu
ministério evangelístico foi o maior de todos os Estados Unidos no
século XIX. Torrey continuou seu trabalho, sendo um homem de oração
que, a partir de 1901, passou a fazer cruzadas onde
pedia um reavivamento mundial.
p)Líder:
Phoebe Palmer(1807-1874), John Swanell
Inskip(1816-1884) e Alfred Cookman(1828-1871) -
Movimento: o “avivamento posterior à Guerra Civil”, de
onde surgiu as Igrejas da Santidade - Local e Época:
Estados Unidos – a partir de 1867 - Característica:
Pregadores metodistas, enfatizaram a existência de uma “segunda
bênção”, posterior à conversão, que conferiria maior
santificação aos crentes. Início das Igrejas da Santidade, onde
congregariam Charles Fox Parham e William Joseph Seymour.
q) Líder:
John Alexander Dowie (1848-1907) - Movimento: fundou a
Igreja Católica Apostólica, nos Estados Unidos, em 1896 - Local
e Época: Austrália – a partir de 1872 -
Característica: Sua pregação enfatizava o relacionamento
pessoal com Cristo e a cura divina. Despertou a atenção de Charles
Fox Parham, que seria o professor de William Joseph Symour, o
pioneiro do movimento pentecostal mundial.
Como se pode perceber pelo quadro acima, sempre houve, no meio do povo de Deus, um remanescente fiel, mesmo em meio ao obscurantismo de uma cúpula que, notadamente após a liberalização do culto cristão pelo Império Romano, permitiu a entrada do paganismo na Igreja e promoveu uma frieza espiritual. Este remanescente, de tempos em tempos, era despertado pelo Espírito Santo e movimentos espirituais ocorriam, levando as pessoas a uma vida de maior intensidade na presença de Deus, uma vida de maior dedicação e de pregação da genuína Palavra de Deus. Era o “verão” do Israel de Deus, onde havia pouquíssimas chuvas e quando as havia, de curta duração. No entanto, enquanto isto se dava, havia a preparação para a formação de uma safra substanciosa, que será colhida pelo Senhor antes do “grande e terrível dia” (cf. Jl.2:28-31).
CONCLUSÃO
Cremos,
realmente, num avivamento contínuo?Somos realmente pentecostais?
Temos as características bíblicas para sermos considerados crentes
avivados? Se sim então “Essa obra não pode parar”- “Aviva,
Senhor, a Tua obra, no meio dos anos”! A continuidade da chama
Pentecostal faz-se necessário haja vista que se aproxima “a grande
colheita”, o arrebatamento.
Quão necessário é
que todos os que temem a Deus e amam sua Palavra, se humilhem diante
dEle e confessem os pecados que têm separado Deus de seu povo! O que
deve suscitar o maior alarme, é que não sentimos nem compreendemos
nossa condição, nosso baixo estado, e satisfazemo-nos de permanecer
como estamos. Devemos refugiar-nos na Palavra de Deus e na oração,
buscando individual e fervorosamente ao Senhor, para que O possamos
achar. Cumpre-nos fazer disto nossa primeira ocupação.-----
Elaboração:
Luciano de Paula Lourenço – Prof. EBD/Assembléia de Deus
–Ministério Bela Vista/Fortaleza-CE.
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Fonte
Pesquisa: Comentário
Bíblico do Prof. Dr. Caramuru Afonso Francisco, Prof Antonio
Sebastião da Silva; Bíblia de Estudo-Aplicação Pessoal. Revista
Ensinador Cristão.
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