O
DERRAMAMENTO DO ESPÍRITO SANTO PROMETIDO
Leitura Bíblica: Atos 2:14-21
Subsídio Teológico
INTRODUÇÃO
Nesta
primeira lição, estudaremos a promessa do derramamento do Espírito
Santo que é a ponto de partida de todas as doutrinas bíblicas
pentecostais, objeto do nosso estudo neste trimestre.
A consciência de que o Espírito Santo atua em todo o
povo de Deus, indistintamente, e da mesma forma que agiu nos dias
apostólicos, foi a principal responsável pela deflagração do
movimento pentecostal, que chega a cem anos, sendo a obra realizada
neste século a maior evidência da veracidade de que o Espírito
Santo foi derramado para o povo do Senhor para evangelizar todo o
mundo e mostrar o poder de Deus e, notadamente, o Seu amor para com o
ser humano.
CONSIDERAÇÕES PRELIMINARES
A operação do Espírito Santo na atualidade da igreja,
iniciado na rua Azusa, na cidade norte-americana de Los Angeles,
Califórnia, em 1906 é o mais duradouro e extraordinário avivamento
espiritual de toda a história da Igreja, uma demonstração viva e
inequívoca de que nos aproximamos celeremente da volta de Jesus
Cristo para arrebatar a Sua Igreja, pondo fim a dispensação da
graça.
A partir da Reforma Protestante, quando há um
verdadeiro avivamento na Igreja, que consegue se livrar dos dogmas
romanistas de forma ostensiva e organizada, a história começa a
registrar episódios do fenômeno da glossolália,
ou seja, do falar em línguas estranhas, com
cada vez maior intensidade. T. L. Souer, em sua obra História da
Igreja Cristã, no volume 3, na página 406, informa que Martinho
Lutero falava em línguas estranhas, sendo
que, no século XVII, entre os quacres (grupo religioso protestantes
formado na Grã-Bretanha), é dito que, com freqüência, os crentes
recebiam o derramamento do Espírito e falavam em línguas, fenômeno
que era, também, comum entre os pietistas, grupo protestante da
Alemanha.
Seria, porém, no século XIX,
que os casos de glossolália aumentariam. O
pastor presbiteriano inglês Edward Irving (1792-1834) recebeu o
batismo no Espírito Santo, o que o levou a
ser excluído de sua denominação. Seu grupo acabou por fundar a
Igreja Apostólica de Londres que, entretanto, se diluiu depois da
morte de seu líder.
Nos Estados Unidos, também foram verificadas ocorrências de glossolália e tal fenômeno passou a ser freqüente em vários grupos de crentes, a ponto de os evangelistas da época passarem a pregar a existência de uma “segunda bênção”, subseqüente à salvação e que consistia em um “revestimento de poder do Alto”, “segunda bênção” esta que os evangelistas Dwight Lyman Moody e R.A. Torrey chamaram de “batismo no Espírito Santo”, não tendo, porém, pregado que a evidência deste batismo seria o falar em línguas estranhas. Charles Finney seria outro grande pregador que passaria a defender a “segunda bênção”.
Charles Fox Parham, na escola
que fundou na cidade de Topeka, no estado norte-americano de Kansas,
chegou, com seus alunos, em 1900, à constatação de que o “batismo
no Espírito Santo”, na Bíblia Sagrada, era sempre evidenciado
pelo falar em línguas estranhas e, naquela
mesma escola, no dia 1º de janeiro de 1901, foi batizada com o
Espírito Santo a aluna Agnes Ozmam, a
primeira pessoa a ser batizada com o Espírito Santo com a
consciência de que o sinal para tanto era o falar em línguas
estranhas depois do período apostólico.
Após este batismo e como alguns achassem que Agnes
tivesse falado em chinês e em boêmio, entre outras línguas,
Parnham passou a entender que as línguas faladas eram
idiomas estrangeiros e que o falar
em línguas estava vinculado à obra missionária.
Por causa disso, se, de um lado, não eram verdadeiros os pensamentos
de que as línguas estranhas eram idiomas
estrangeiros (o que causa até hoje confusão
no meio doutrinário), de outro, houve o início de uma concepção
de que se estava diante de um instante de derramamento
do Espírito Santo com perspectiva missionária,
o que fez com que o movimento pentecostal
fosse concebido com uma tarefa de evangelização de todo o mundo, o
que explica a sua amplitude mundial no seu centenário.
Parnham começou a viajar
pelos Estados Unidos para divulgar a descoberta que fizera e a ganhar
alunos nestas suas andanças, entre os quais, um
pastor negro leigo (isto é, que não havia
estudado em seminário para se ordenar pastor), William
Joseph Seymour, que pastoreava uma igreja em
Houston, Texas, quando, em 1905, foi convidado por Neely Terry, que
freqüentava uma pequena igreja da Santidade em Los Angeles e que
havia ficado impressionada com o pastor (que não cessava de defender
a tese da “segunda bênção” mediante a evidência do falar em
línguas), para que ele visitasse sua igreja.
William Joseph Seymour chegou
a Los Angeles em 22 de fevereiro de 1906 e, dois dias depois, pregou
na igreja, mas o líder da igreja rejeitou seu ensino e Seymour teve
de pregar nas casas dos crentes que aceitaram a mensagem, grupo que
logo cresceu e passou a se reunir na casa de Richard e Ruth Asbery na
rua Bonni Brae, 214. Em 9 de abril de 2006, começou o avivamento,
com o batismo no Espírito Santo de Edward Lee. Naquele mesmo dia,
seis outras pessoas receberiam o batismo com o Espírito Santo e, em
12 de abril, o próprio Seymour seria batizado com o Espírito
Santo.
Ante o aumento do grupo, após
estes primeiros batismos, acabou sendo ocupado um galpão na rua
Azusa, 312, onde funcionara antigamente uma igreja metodista
africana, local que estava sendo usado como estábulo para abrigar
feno e animais, onde se iniciou um avivamento que foi o responsável
pela deflagração do movimento pentecostal que hoje conhecemos,
inclusive das Assembléias de Deus no Brasil,
pois os missionários suecos Gunnar Vingren e Daniel Berg
freqüentaram este movimento e lá tiveram a chamada para pregar no
Brasil.
Completamos cem anos do início deste grande avivamento na rua Azusa, do início deste derramamento sem igual do Espírito Santo em todo o mundo, sinal da “chuva serôdia”, ou seja, a “chuva da primavera”, que, em Israel, vinha um pouco antes da colheita, que, como sabemos, é a figura do arrebatamento da Igreja. Nada mais adequado e oportuno, portanto, que analisemos a Bíblia Sagrada e verifiquemos em que se baseiam as chamadas “doutrinas bíblicas pentecostais”, que nada mais são que os ensinos das Escrituras a respeito da atualidade da operação do Espírito Santo na Igreja, crença esta que foi a principal motivadora para este movimento que, por crer que o Espírito Santo continuava a atuar da mesma maneira que na igreja primitiva, proporcionou a evangelização de praticamente o mundo inteiro em cem anos, cumprindo, assim, o que Jesus já dissera em Mt.24:14.
I – A PROMESSA DO PENTECOSTES E SUA GRANDEZA
(Atos 16-18)
A promessa do derramamento do Espírito Santo é o ponto
de partida de todas as doutrinas bíblicas pentecostais, objeto do
nosso estudo neste trimestre.
1. “Derramarei o meu Espírito”
- O “derramamento do Espírito Santo”
jamais pode ser considerado como uma “inovação” ou um
“modernismo”, como, lamentavelmente, foi
tratado por muitos, notadamente no início do movimento pentecostal,
há cem anos atrás. Aliás, foi uma constante, na história dos
líderes da primeira geração deste movimento, o fato de terem sido
expulsos de suas congregações ou denominações, por terem crido,
pregado e recebido o batismo com o Espírito Santo. Estas mesmas
denominações, na atualidade, possuem seus segmentos pentecostais,
mas não são poucos os que, ainda hoje, costumam alardear o fato de
que os primeiros líderes pentecostais foram “excluídos” de suas
primitivas igrejas locais e que, por isso, “todo movimento
pentecostal é espúrio, nascido da rebeldia e da liderança de
pessoas excluídas”. Entretanto, quando nos voltamos para a Bíblia
Sagrada, vemos que tais pessoas, ainda que tenham sido excluídas de
suas igrejas locais, encontram-se na mesma
situação do cego de nascença, que, por ter
crido em Jesus, foi expulso da sinagoga, mas foi recebido pelo Senhor
(Jo.9:34-41).
O “derramamento do Espírito Santo” é cumprimento
das Escrituras, tem base na Palavra de Deus e, portanto, nele crer é
crer na verdade, nele crer é ficar do lado do Senhor Jesus. O mais
antigo texto exclusivamente profético(Jl 28:32) já predizia este
“derramamento” e, pois, não se trata de qualquer invenção
humana, mas de demonstração clara e explícita de fé em Deus.
A promessa do “derramamento do Espírito Santo” foi
a base do sermão de Pedro no dia de Pentecoste, quando a Igreja
iniciou a sua tarefa de evangelização, como vemos em At.2:14-21,
que, não por acaso, é o texto bíblico básico desta lição.
Aliás, é este o motivo pelo qual os que se envolveram neste
movimento passaram a ser chamados de “pentecostais” e a base
doutrinária, que é o objeto do nosso estudo, de “pentecostalismo”.
Somos chamados de “pentecostais”, porque
retomamos a promessa bíblica do “sermão de Pentecoste”, ou
seja, da pregação de Pedro proferida no dia de Pentecoste.
O que caracterizou o “movimento pentecostal”, como
ficou conhecido o avivamento iniciado a partir de 1906 na rua Azusa,
o maior e mais duradouro avivamento de toda a
história da Igreja, foi, precisamente, o
fato de se ter chegado à consciência de que, desde o dia de
Pentecostes, o Senhor tem prometido à sua Igreja um “derramamento
do Espírito Santo” e de que este “derramamento”, vivenciado e
experimentado pela igreja primitiva, não se circunscrevia aos tempos
apostólicos, mas que estava à disposição da Igreja e que estava
predito para ter igual ou até maior intensidade que nos dias dos
apóstolos nos dias finais da dispensação da graça, pouco antes da
volta de Jesus para o arrebatamento da Igreja, sendo indispensável
para a obra missionária que alcançaria todas as nações, como
predito pelo Senhor em Mt.24:14.
As “doutrinas bíblicas pentecostais” são todas
retiradas das Escrituras, ou seja, têm uma base bíblica, bem ao
contrário das falsas doutrinas, heresias e modismos que foram alvo
de estudo no trimestre anterior. Enquanto que
as falsidades doutrinárias têm origem em “visões”,
“revelações” e “iluminações”, a base doutrinária do
“movimento pentecostal” encontra-se toda ela na Bíblia Sagrada,
na Palavra de Deus e, por isso, integra a verdade (Jo.17:17). Eis a
grande diferença entre o que cremos e aquilo que é proferido e
ensinado cada vez mais nestes dias tão difíceis.
Como nada que ocorre nas Escrituras e, por conseguinte,
no plano de Deus ao homem é por acaso, é sem propósito, também
não é coincidência nem muito menos um acidente que a promessa do
derramamento do Espírito Santo tenha se cumprido no dia de
Pentecostes, uma das três mais importantes festas judaicas, ao lado
da Páscoa e da Festa dos Tabernáculos (Ex.23:14-19). A
própria festa de Pentecostes, também chamada de “festa da sega
dos primeiros frutos” (Ex.23:16), “festa das semanas”(Dt.16:16)
ou “festa das primícias (Ex.34:22), já era uma figura que
apontava para o próprio derramamento do Espírito Santo.
Como nos explica a própria Bíblia, a lei, com todas as
suas cerimônias, ritos e prescrições, tinha uma finalidade
educativa, pedagógica, pois servia de “sombra” das coisas que
estavam para vir (Cl.2:16,17; Hb.10:1), tudo tendo sido escrito para
nosso ensino (Rm.15:4). Assim, a festa judaica
de Pentecostes é uma figura, um símbolo, um tipo do derramamento do
Espírito Santo e, por isso mesmo, este
derramamento se iniciou num dia de Pentecostes, para que, através do
que está escrito sobre esta festa judaica, entendêssemos o
significado desta operação espiritual, que é fundamental para a
nossa vida cristã.
Em Linhas Gerais, o significado da Festa Judaica
“A Festa de Pentecostes”
– A festa de Pentecostes era uma das três grandes festividades
anuais do povo israelita, conforme determinado na lei de Moisés, as
festas em que deveriam comparecer à presença de Deus todos os
varões (Ex..23:14-19). Esta festa foi denominada de "festa
da sega dos primeiros frutos" (Ex.23:16), "festa das
semanas" e "festa das primícias" (Ex.34:22),
porque, nela, deveriam os israelitas trazer os primeiros frutos
colhidos durante o ano (o ano religioso começava, precisamente, na
Páscoa, como se vê em Ex.12:2). Paralelismo com o
derramamento do Espírito Santo - Não é coincidência que o
derramamento do Espírito Santo tenha se iniciado no dia de
Pentecostes. Em primeiro lugar, é importante salientar que estamos
diante do "ano aceitável do Senhor" (Lc.4:19), ou seja, o
tempo em que haveria a pregação do evangelho. Este ano se iniciou
com a morte de Jesus Cristo no Calvário, que nos abriu um novo e
vivo caminho para o Pai (Hb.10:20), episódio que, por inaugurar este
ano do Senhor, nada mais é que a Páscoa (I Co.5:7). Tanto assim é
que, no dia seguinte ao sábado da páscoa, era oferecido um molho
das primícias da colheita ao sacerdote (Lv.23:10), que seria movido
perante o Senhor, primícia esta que não outra senão o
primogênito dentre os mortos, aquele que ressuscitou no primeiro
dia da semana, Cristo Jesus (I Co.15:20,23; Cl.1:18). Em seguida,
cinqüenta dias depois, vinha o Pentecostes, a festa que indica o
início da colheita no ano, ou seja, a ocasião que demonstra o
início da salvação da humanidade através da Igreja, o início do
movimento do Espírito Santo, baseado no sacrifício de Cristo, com
poder e eficácia, em prol da colheita das almas para o reino
celestial, algo que perdurará até a festa da colheita final, até o
final deste ano, que se dará com a terceira festa, a festa das
trombetas ou festa dos tabernáculos, que representa a volta de
Cristo, o arrebatamento da Igreja.
Assim, a descida do Espírito Santo somente poderia ocorrer, mesmo, na festa das primícias, na festa das semanas, que indica o início da colheita, o início da manifestação plena do Espírito Santo no meio da humanidade com vistas à salvação das almas. Era o começo do movimento e o Espírito Santo sempre esteve relacionado com o mover, como vemos desde a Sua primeira aparição no texto sagrado (Gn.1:2).
Esta festividade, posteriormente, passou a ser
chamada pelos Sábios Rabínicos de "Shavuot”,
passando a representar a recepção da
Lei por parte do povo de Israel. Entretanto,
essa mudança de nome não foge a
considerações por parte dos cristãos, porquanto
aponta para um elucidativo paralelo com o “derramamento do Espírito
Santo”, vez que o derramamento do Espírito Santo é a operação
que demonstra, de modo inequívoco, o comprometimento do crente com
as Escrituras Sagradas. O movimento pentecostal é aquele que
demonstra, de modo cabal, a observância da Bíblia como única regra
de fé e de prática.
O nome hebraico "Shavuot"
quer dizer "semanas", precisamente porque era comemorada
sete semanas depois da Páscoa (ou seja, 49 dias depois da Páscoa,
ou seja, num intervalo de 50 dias entre a Páscoa e esta celebração).
“Shavuot é celebrado nos dias 6 e 7 de
sivan, ou seja, neste ano de 2006, nos dias 2 e 3 de
junho(http://www.israel3.com/article923.html).
Em "Shavuot", os israelitas deveriam
apresentar os primeiros frutos da colheita para o Senhor, em gratidão
a Deus pela fertilidade da terra. Tratava-se de uma festa em que se
ofereciam estes primeiros frutos a Deus e o sacerdote deveria
apresentar esta oferta como uma "oferta
de movimento", "dois pães de
movimento", além de animais para sacrifícios (Lv.23:15-25).
Era uma festa em que se agradecia a Deus pelo
fruto da terra, em que se apresentava ao Senhor uma "oferta de
movimento".
Essas “ofertas de
movimento”,
antes de serem queimadas, eram movimentadas para frente e para trás,
na direção do altar. “ ‘(…)Com este
gesto, o sacerdote dava a entender que a oferta estava sendo dada a
Deus. E então esses mesmos itens eram queimados sobre o altar’
(John D. Hannah). O movimento servia para
atrair a atenção de Deus, como se pedisse
que Ele aceitasse a oferenda…” (CHAMPLIN, R.N. O
Antigo Testamento interpretado, v.1, p.436).
A “oferta de movimento”, portanto, revela
que o era ofertado a Deus era fruto de gratidão e de dedicação, de
um “mover”, de um envolvimento em tudo o que dizia respeito a
Deus e à Sua obra. É
por isso que o pentecostalismo é um
“movimento”, uma vida espiritual
dinâmica e que não comporta paralisia nem formalismo paralisante,
pois o que é próprio do Espírito Santo, é o “movimento”, pois
é assim que o Espírito surge, pela primeira vez, nas Sagradas
Escrituras (Gn.1:2).
O Pentecostes era celebrado após as primeiras chuvas
da primavera, a chamada “chuva
temporã”
(Dt.11:14), as primeiras chuvas do ano
religioso (que se iniciava com a Páscoa, que
era celebrada sempre no início da primavera – Ex.12:2), de modo
que a festividade estava relacionada com o início do “derramamento
de água” sobre a terra da Palestina, o que havia possibilitado a
apresentação dos “primeiros frutos” diante do Senhor, antes do
“verão”, estação de grande calor (notadamente na região
desértica do Oriente Médio), onde haveria a formação das safras
mais importantes, o crescimento das grandes colheitas, mas sob o
influxo destas primeiras chuvas e pouco antes das chamadas “chuvas
de outono”, ou “chuva serôdia”
(Dt.11:14; Os.6:3), que eram as chuvas antes
da grande colheita, a chuva que daria a força
final para o crescimento e maturação das plantações.
Pães e Dízimas de farinha
- Outra peculiaridade do ritual de Pentecostes era o número de pães
e de dízimas de farinha, a saber, dois, a nos lembrar do propósito
missionário envolvido no derramamento do Espírito Santo. Com
efeito, quando Jesus enviou Seus discípulos para a missão nos dias
de Seu ministério terreno, fê-lo de “dois em dois” (Lc.10:1),
tendo, também, o Espírito Santo designado, na igreja de Antioquia,
dois homens para iniciarem a primeira missão transcultural da Igreja
(At.13:2). O “derramamento do Espírito Santo”, portanto, tem um
intento missionário, como, aliás, ensinou Jesus pouco antes de
subir aos céus (At.1:8).
Estes pães, ao contrário do que ocorria na Páscoa,
continham fermento (Lv.23:17), aliás, era a única vez em que se
apresentava pão fermentado diante do Senhor.
A presença do fermento tinha a conotação de
mostrar a relação da colheita do ano com a do ano anterior,
indicava continuidade,
e estava relacionado com a própria idéia de crescimento e
fertilidade que se aguardava da colheita. Aplicabilidade
para Hoje-O
“derramamento do Espírito Santo”
indica-nos a continuidade da obra de Deus em favor do homem,
a continuação do ministério de Cristo, agora através do outro
Consolador, que está na Igreja, que nos permitirá lembrar o que
Jesus nos ensinou (Jo.16:14,15). É, por isso,
que o verdadeiro pentecostal não é um “inovador”, não é um
“modernista”, mas, antes de tudo, um “conservador”, um
“preservador” da sã doutrina, da pureza doutrinária, porque
representa a continuação da operação divina, de um Deus que não
muda e em que não há mudança nem sombra de variação
(Tg.1:17).
Sacrifício de Animais
- Além das ofertas de movimento, eram também sacrificados animais,
sete cordeiros sem mancha, de um ano, e um novilho, e dois carneiros,
num total de dez animais que, somados aos que deveriam ser oferecidos
diariamente, chegava-se a um total de vinte
animais (catorze
carneiros, três touros e três bodes).
Objetivo -
Aplacar a ira de Deus, satisfazê-lO no sentido de não culpar o povo
pelos seus pecados, e, deste modo, na festa de Pentecoste, tinha-se,
como conseqüência, uma grande satisfação por parte do Senhor, uma
propiciação abundante (“o cheiro suave ao Senhor” –
Lv.23:18). Aplicabilidade para Hoje
- Indica que o “derramamento do Espírito
Santo” é resultado de uma satisfação do Senhor pelo sacrifício
de Cristo, pelo resultado da obra redentora do Calvário(Is.53:11a).
É uma bênção seguinte à salvação, um “movimento”
resultante da comunhão obtida com o Senhor por intermédio de Jesus.
A presença de sacrifício de animais como
oferta pacífica (caso dos dois cordeiros,
apresentados também como oferta movida ao Senhor) indica-nos
que o “derramamento do Espírito Santo” está vinculado à
santidade, ou seja, não se tem, no dia de Pentecoste, um sacrifício
por pecado, mas uma “oferta pacífica”
(Lv.23:19), o que, de imediato, nos faz ver que o
“derramamento do Espírito Santo” é algo exclusivo daquele que
já tem comunhão com Deus, que está em santificação,
a desmentir “operações do Espírito Santo” em meio ao pecado e
à idolatria, como tem sido alardeado por aí, notadamente entre os
romanistas ditos “carismáticos”.
A oferta do pão
era apresentada juntamente com o sacrifício,
o sacrifício pacífico,
a indicar, portanto, que o “derramamento do
Espírito Santo” jamais se desvincula seja do sacrifício de
Cristo, que foi o nosso sacrifício pelo pecado, como também dos
esforços e da dedicação de cada crente (o nosso sacrifício
pacífico).
O “derramamento do Espírito Santo” mantém a
centralidade na pessoa de Cristo e da sua obra salvadora, tem como
finalidade a dinamização da mensagem do Calvário (daí porque não
serem genuínas manifestações “espirituais” que mudem o tema da
pregação da Igreja), como também cria um comprometimento, um
esforço e uma dedicação crescentes na vida dos que forem
alcançados por esta bênção. O
“derramamento do Espírito Santo”, portanto, não pode gerar
comodismo nem sensação de “superioridade espiritual”, mas, bem
ao contrário, envolvimento e comprometimento no trabalho de
evangelização e de aperfeiçoamento dos santos.
2. A Profecia de
Joel(Jl 2:28-32) - A
profecia de Joel começa com a descrição de um estado lamentável
em que se encontrava o povo de Israel, um estado de miséria e de
extrema necessidade. Entretanto, após ampla
descrição desta situação, o profeta chama o povo ao
arrependimento, à conversão, a fim de que possa restabelecer a
prosperidade do povo (Jl.2:12-17). A mensagem
profética é clara: somente com a conversão do povo, o Senhor terá
zelo da terra e Se compadecerá do Seu povo (Jl.3:18).
Com a conversão, o quadro trágico é
radicalmente alterado, sobrevindo a bênção divina sobre a terra,
com o restabelecimento da prosperidade e da alegria.
Então, o Senhor, diz o profeta, “…dará
ensinador de justiça e fará descer a chuva, a temporã e a serôdia,
no primeiro mês” (Jl.2:23).
Percebemos,
pois, que a profecia fala que, antes
da “chuva
temporã e serôdia”,
deve vir a conversão e a vinda do “ensinador de justiça”
e haveria abundância nas colheitas, satisfação e louvor ao Senhor
e, então, se saberia que o Senhor estaria no meio de Israel, que Ele
só é o Deus de Israel, povo que jamais se envergonharia
(Jl.2:24-27). O
“ensinador de Justiça” é figura de Cristo, o Messias.
“Chuva Temporã e Serôdia” - figura do
“derramamento do Espírito Santo - A
”chuva temporã e serôdia” é uma figura do “derramamento do
Espírito Santo”, vez que sobreviria à vinda do “ensinador
de justiça”, isto é, à vinda de Cristo, do Messias,
trazendo vida espiritual abundante e a certeza de que o Senhor
estaria no meio do Seu povo.
Sem Conversão não há “Derramamento do
Espírito Santo” - O
“derramamento do Espírito Santo” é uma conseqüência
resultante da conversão feita mediante a pessoa do “ensinador
de justiça”, ou seja, da conversão
e da fé em Cristo Jesus. Mais uma vez, vemos
que a profecia confirma a figura apresentada na festa judaica das
semanas, ou seja, de que é impossível que se tenha o “derramamento
do Espírito Santo” sem que haja uma prévia conversão e,
principalmente, que o “derramamento do Espírito Santo” não se
confunde com a conversão, sendo uma bênção posterior.
“Chuva temporã e Serôdia”, representa os
dois instantes do Derramamento do Espírito Santo
- A profecia apresenta-nos, também, nesta sua primeira parte, a
conscientização de que o “derramamento do Espírito Santo” se
daria em dois instantes, quais sejam, o da “chuva
temporã”, no início
do ano religioso, logo após a Páscoa, e a
“chuva serôdia”,
a chuva tardia, a chuva que ocorre pouco antes
do término do ano civil, no outono. Este
período corresponde ao “ano aceitável do Senhor” (Lc.4:19), que
nada mais é que a dispensação da graça
(Ef.3:2).
“Derramamento do Espírito Santo sobre toda a
carne” (Jl.2:28a) – Esta é a parte
mais conhecida da profecia, que é a que foi mencionada
por Pedro no dia de Pentecostes. Este texto,
aliás, deve ser entendido de duas maneiras:
como repetição da promessa da vinda de Deus
para o meio do Seu povo, em meio a uma
abundância espiritual e material, seguinte à
conversão, como também uma
promessa futura de derramamento do Espírito
sobre todo o povo de Israel,
por causa do uso da palavra “depois”,
numa visão escatológica que se adéqua às promessas relacionadas
com o reino milenial de Cristo.
A
promessa é de “derramamento”, que atingiria “toda a carne”,
ou seja, o Espírito de Deus, que, segundo os preceitos judaicos, era
peculiar ao povo de Israel, estaria sendo disseminado entre todas as
nações, todos os povos, sobre todo o ser humano. Tal promessa
prenunciava, portanto, um tempo inteiramente novo sobre a Terra, onde
a presença do Senhor se faria sentir além das fronteiras do “reino
sacerdotal”, da “propriedade peculiar entre os povos”, que era
Israel (Ex.19:5,6), algo jamais visto pela humanidade desde a queda
do homem no jardim do Éden.
“E vossos filhos e vossas filhas
profetizarão”(Jl 2:28b) - A profecia
prossegue dizendo que este derramamento, que não escolhe fronteiras
(tanto é que a expressão “sobre toda a carne” que se encontra
na ARC, é traduzida na NVI como “sobre todos os povos”) também
não se prende a distinção de gênero,
tanto que o profeta diz que tanto “os filhos” quanto “as
filhas” “profetizarão”. Nesta
expressão, o profeta mostra, de modo claro, que a operação do
Espírito Santo que se diz, agora, universal,
é uma operação idêntica àquela que era reservada antes apenas
aos profetas, é a presença do Espírito Santo no interior das
pessoas, assim como ocorria no ministério profético da antiga
aliança (do qual o próprio Joel é um exemplo), mas que atingiria
tanto homens quanto mulheres.
“Os vossos velhos terão sonhos, os vossos
mancebos terão visões”(Jl 2:28c) -
Aqui, também, notamos que o “derramamento
do Espírito Santo” ignora a discriminação relacionada com a
idade, algo que era já freqüente na
Antigüidade e que tem sempre ocorrido nas civilizações humanas. Se
hoje há uma discriminação voltada ao idoso, o que não ocorria
naqueles tempos, naquela época, a discriminação era em relação
às crianças e jovens, tanto que, como podemos observar, os próprios
discípulos de Cristo procuraram impedir o acesso de crianças ao
Senhor. O “derramamento do Espírito Santo”
está à disposição tanto de idosos quanto de jovens e são eles
igualmente aptos para serem instrumentos nas mãos do Senhor.
A
profecia, neste ponto, também indica que o “derramamento do
Espírito Santo” tem por finalidade dirigir o povo de Deus na sua
caminhada para o céu. “Visões” e “sonhos” são meios de
revelação da vontade divina por modos sobrenaturais, a mostrar,
claramente, que a sobrenaturalidade continua a existir mesmo depois
da vinda de Cristo, o “ensinador de justiça”.
“E também sobre os servos e sobre as servas...”
(Jl 2:29) – O profeta prossegue a sua mensagem dizendo que o
derramamento do Espírito Santo também não
teria discriminação social. O “derramamento
do Espírito Santo” está à disposição tanto da elite quanto das
camadas marginalizadas da sociedade, é uma bênção que não vê
posição social, pois para Deus não há acepção de pessoas
(Dt.10:17; At.10:34). Devemos, por isso, ter
muito cuidado para não vincularmos a posição de alguém entre os
homens com a sua posição na igreja local, lembrando que Deus é
imparcial e que o “derramamento do Espírito Santo” a todos
iguala. Não foi casual que o avivamento da
rua Azusa tenha se iniciado por intermédio de um pastor leigo e
negro em pleno Estados Unidos da América que, há pouco menos de 40
anos, havia entrado em guerra civil justamente por causa da
escravidão negra. “…Deus escolheu as
coisas loucas deste mundo para confundir as sábias; e Deus escolheu
as coisas fracas deste mundo para confundir as fortes.”(I
Co.1:27) e “…o homem natural não
compreende as coisas do Espírito de Deus, porque lhe parecem
loucura; e não pode entendê-las, porque elas se discernem
espiritualmente.”(I Co.2:14). Por isso, sem
o Espírito do Senhor, jamais poderemos entender o movimento
pentecostal.
A Promessa do Derramamento do Espírito Santo
cumprida no Dia de Pentecostes – A
promessa do derramamento do Espírito Santo começou a se cumprir no
dia de Pentecostes subseqüente à morte e ressurreição de Jesus.
Naquele Pentecostes do ano 30, como afirmou o apóstolo Pedro no
sermão inaugural da Igreja, cumpria-se a profecia de Joel, na
festividade judaica que servira de tipo e figura principal desta
promessa. O Espírito Santo foi derramado
sobre os quase cento e vinte discípulos que haviam permanecido em
oração em Jerusalém, consoante o mandado do Senhor.
Pedro, diante da perplexidade de alguns e da zombaria de
outros, tomou a palavra e fez um sermão cheio do poder de Deus, que
levou à conversão de quase três mil almas e ao surgimento da
Igreja, contra a qual as portas do inferno não prevalecem. O
apóstolo Pedro mostrou como aquele episódio “estranho” era
cumprimento da profecia de Joel e que como se abria um novo horizonte
para a humanidade, que teria uma inigualável oportunidade de
salvação (At.2:21,37-40).
“Não é por mérito
- Há pessoas que imaginam que o batismo
com o Espírito Santo vem por mérito próprio. Uma pessoa não
recebe o batismo com o Espírito Santo por ser melhor o que outra ou
mais dedicada ao serviço cristão ou aparentemente mais santa. Essa
promessa é estendida a todo aquele que crê e invoca o nome do
Senhor”.
“È para os nossos dias.
Não há qualquer texto nas Escrituras que diga que o batismo com o
Espírito Santo e os dons espirituais foram apenas para a época dos
discípulos, como reza a corrente teológica chamada cesassionista.
Isso demonstra que este derramamento do Espírito Santo é para os
nossos dias — atual —, e não é de "propriedade" dos
pentecostais, pois é estendido a todos. Pentecostal é quem crê na
contemporaneidade do batismo com o Espírito Santo e dos dons
espirituais. Curiosamente, quem crê que este derramamento é coisa
do passado não diz que a salvação, o batismo e a Ceia do Senhor
também são coisas que perderam seu valor. Isso demonstra uma
carência de se estudar o texto bíblico com um coração aberto ao
que a Bíblia diz em sua inteireza. Precisamos conhecer não penas as
Escrituras, mas também o poder de Deus”(Revista Ensinador
Cristão).
II – CONCLUSÃO
O avivamento centenário
da rua Azusa representou, indubitavelmente, o início da “chuva
serôdia”, depois do “longo e causticante verão” ocorrido na
história da Igreja, depois dos tempos apostólicos até o surgimento
do “movimento pentecostal”. Isto também é cumprimento das
Escrituras, algo inevitável e já predito (Mt.24:35). Glorifiquemos
ao Senhor porque somos da geração do outono, porque vivemos antes
do “terrível inverno” que se abaterá sobre o mundo, após o
arrebatamento da Igreja e nos esforcemos para que recebamos a “chuva
serôdia” e nos mantenhamos a invocar o nome do Senhor, a ficar no
monte Sião e na Jerusalém, que hoje é a Igreja, para que demos
bons frutos, para não sermos cortados pelo machado, nem deixemos de
ser recolhidos como trigo para o celeiro do Senhor Jesus. Assim
fazendo, confiantemente veremos a face do Senhor naquele dia.
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Elaboração:
Luciano de Paula Lourenço – Prof. EBD/Assembléia de Deus
–Ministério Bela Vista/Fortaleza-CE.
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Bibliografia:
Comentário
Bíblico do Prof. Dr. Caramuru Afonso Francisco, Prof Antonio
Sebastião da Silva; Bíblia de Estudo-Aplicação Pessoal. Revista
Ensinador Cristão.
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